quarta-feira, 19 de agosto de 2009

PESQUISA REALIZADA SOBRE O COMPORTAMENTO SEXUAL DO BRASILEIRO PREOCUPA.

Mais de dez milhões de brasileiros já tiveram algum sintoma de doenças sexualmente transmissíveis, conhecidas como DST. Entre eles, 6,6 milhões são homens e 3,7 milhões são mulheres. Corrimentos, feridas, bolhas e verrugas nos órgãos genitais são os sinais mais relatados. Enquanto 99% das mulheres que constataram algum sinal e procuraram tratamento recorreram a um médico, um em cada quatro homens procurou a farmácia para a automedicação. Os números são resultados da Pesquisa Conhecimentos, Atitudes e Práticas da População Brasileira de 15 a 64 anos divulgada nesta terça-feira, em Brasília, pelo Ministério da Saúde. Foram ouvidas oito mil pessoas em todas as regiões. do país, nas áreas urbanas e rurais.

A população masculina também é maioria entre os que relataram ter algum sinal de DST, mas não procuraram tratamento: 18%, contra 11,4% das mulheres na mesma situação. O quadro torna-se mais grave quando constata-se que os homens têm 31,2% mais risco de ter algum sinal de DST porque fazem mais sexo e têm mais parceiras sexuais.

– Os homens não se cuidam – lamentou o ministro da Saúde, José Gomes Temporão. – Eles não buscam o sistema de saúde como deveriam. Por trás disso estão questões culturais, medo de abrir sua sexualidade. Aí se automedicam nos balcão das farmácias, evitando a queda na cadeia de transmissão.

Outro resultado preocupante da pesquisa diz respeito a baixa orientação no serviço de saúde para a busca de teste anti-HIV e sífilis. Apesar de estudos internacionais mostrarem que os problemas causados pelas DST podem aumentar em 18 vezes o risco de infecção pelo HIV, apenas 30,2% dos homens e 31,7% das mulheres entrevistadas afirmaram ter sido orientados a fazer o exame de HIV.

A percentagem é ainda menor para o teste de sífilis. Apenas 24,3% dos homens e 22,5% das mulheres foram orientados nesse sentido. Na gestante, a sífilis pode evoluir para a transmissão vertical se não houver tratamento conjunto da mãe e do parceiro, levando o recém-nascido à sífilis congênita. O Brasil é signatário de um acordo internacional para a erradicação da sífilis congênita.

– O profissional de saúde tem que estar mais atento quanto as orientações mais adequadas para o atendimento do paciente de DST – ressaltou a diretora do Departamento de DST e AIDS do ministério, Mariângela Simões, que destacou ainda a importância do portador de DST avisar a situação ao parceiro para romper a cadeia de transmissão da doença:

– Muitas vezes uma gestante faz teste para sífilis e dá positivo. Ela é tratada e no final da gestação a sífilis ainda está ativa porque ela teve dificuldade de falar para o parceiro que tem uma doença sexualmente transmissível.

Para evitar que o constrangimento seja um empecilho na quebra da cadeia de transmissão, o Ministério da Saúde disponibilizará no site da campanha Muito prazer, sexo sem DST, lançada nesta terça-feira junto com a pesquisa, cartões virtuais para que o parceiro possa contar a descoberta da infecção sem necessidade de se identificar. Mariângela garante que essa ferramenta já é adotada em outros países e tem obtido êxito. Principalmente nos Estados Unidos, onde aumentou a procura por testes de detecção de DST.

Recortes

Segundo a pesquisa, 9% dos homens jovens sexualmente ativos já tiveram algum sintoma de DST na vida e indivíduos com mais de dez parceiros sexuais têm 65% mais chance de ter DST.
Na Região Norte, 25% dos homens tiveram alguma DST. Seguida da Região Nordeste (19,2%), Sudeste (15,6%), Sul (14,7%) e Centro Oeste (12,9%). Entre as mulheres não há diferenças significativas. Varia de 11,2% no Sul a 7% no Nordeste.

A escolaridade está diretamente relacionada à infecção. Quanto menor a escolaridade, maior a prevalência de DST na vida. Enquanto 9,3% dos entrevistados que apresentaram sintomas de DST cursaram até o oitavo ano do ensino fundamental, 17,3% dos que tiveram sinais estudaram apenas até o terceiro ano do ensino fundamental. Os homens que se autodenominaram negros relataram mais DST, 19%, contra 13,8% dos homens brancos.

Fonte: Jornal do Brasil

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