terça-feira, 22 de setembro de 2009

CENTRO DA CIDADE VIRA UM GRANDE PARQUE NO DIA MUNCIAL SEM CARRO.

Rua é do pedestre no Dia Mundial Sem Carro


Stands foram montados para aferir pressão, retirar documentos e comercializar artesanato

Cuidados com a saúde, atividades físicas, ações recreativas e oficinas de reciclagem, entre outras atividades, tomaram conta da praça General Valadão na última terça-feira, dia 22, quando o mundo inteiro comemora o Dia Internacional sem Carro. Milhares de pessoas ocuparam os espaços do Centro para participar das atividades preparadas pela Prefeitura Municipal de Aracaju (PMA), que numa atitude ousada, decidiu fechar a circulação de carro em algumas das principais vias da cidade.

A iniciativa visa discutir com a população a reocupação do espaço urbano e a melhoria no trânsito do município. O superintendente de Transporte e Trânsito de Aracaju (SMTT), Antônio Samarone, ficou impressionado com a participação popular. "Várias pessoas já vieram me pedir para fazer mais dias como esse. Estão todos participando de várias ações. Os ciclistas estão encantados com a organização do trânsito e os pedestres, maravilhados", afirmou Samarone.

Até mesmo os motoristas saíram beneficiados com a medida da PMA. "O tráfego nas ruas do Centro está fluindo normalmente", afirmou Samarone, ao ressaltar que a melhoria no transporte e no trânsito da cidade já havia começado com o anúncio de 20 novos ônibus e o início do processo licitatório do transporte coletivo, feito pelo prefeito Edvaldo Nogueira no último dia 18.

O diretor de Trânsito da SMTT, major Paulo César Paiva, também ficou satisfeito com a organização e a fluidez do tráfego nas ruas da região central. "O engarrafamento que muitos motoristas esperavam não está acontecendo. No início do dia, houve uma pequena retenção na avenida Rio Branco, o que é normal quando há algum isolamento. Os fatos mostram que quando se respeita o espaço do pedestre, do ciclista e do motociclista, o trânsito flui com mais qualidade", declarou.

Para major Paiva, a partir do momento em que se modificam os hábitos no espaço urbano, sobretudo em relação ao deslocamento dos cidadãos, tudo tende a melhorar. "A cidade pertence ao ser humano e é preciso que as pessoas entendam isso, que o carro é somente um meio de transporte. Precisamos repensar a nossa cultura", declarou.

Atividades

Praticamente todo o espaço da praça General Valadão e das ruas ao redor foram ocupados pela população com ações de lazer, cultura, esporte, meio ambiente e cidadania. A área normalmente destinada ao comércio e às atividades rotineiras de trabalho ficou muito mais humanizada, segura e cidadã. Até o tradicional Beco dos Cocos ganhou de presente um mutirão de revitalização, com muita tinta, pincel e alegria.

Para a aposentada Ana Correia de Araújo, de 81 anos, moradora do bairro Industrial, o Dia Mundial Sem Carro não foi só dos ciclistas. "Eu já fiz de tudo aqui: medi a pressão, fui olhar as plantas medicinais, e agora estou me exercitando. Já faço academia três vezes por semana, mas não podia faltar a esse dia tão diferente. Trouxe meu filho e mais duas amigas, estão todos adorando", disse.

As crianças também se divertiram bastante e aproveitaram para brincar com os amigos. Maria Germana Silva de Oliveira, de apenas sete anos, fez questão de participar do máximo de lazer que podia. "Tem uma moça fazendo uma cesta reciclada pra mim, que eu já pedi. Já brinquei de ping-pong, de bambolê e agora estou brincando disso, que nem sei o nome, mas estou adorando", disse Maria Germana, levada pelo Colégio Arquidiocesano, se referindo ao ‘tamanco chinês'.

Ciclo Urbano

Como não poderia deixar de ser, várias atividades foram preparadas para os ciclistas. Além de beneficiar essa parcela da população e o meio ambiente com a construção das ciclovias - que têm ajudado a diminuir os acidentes -, a PMA tem garantido cada vez mais espaços aos adeptos das bicicletas, através das parcerias feitas com o Movimento Ciclo Urbano.

No Dia Mundial sem Carro, os ativistas estão distribuindo materiais informativos, expondo fotos, exibindo vídeos e promovendo outras ações de cunho educativo. "Durante todo o dia de hoje, cerca de 20 pessoas da nossa ONG estarão presentes ao evento. Daqui a pouco vamos exibir o vídeo ‘A Sociedade do Automobilismo' e várias imagens voltadas aos cilclistas. À tarde, um mecânico irá orientar os ciclistas que vierem aqui", adiantou Tobias Basílio de São Mateus, integrante do Ciclo Urbano.

De acordo com Tobias Basílio, o objetivo maior é contribuir com a conscientização da sociedade sobre a importância de se buscar caminhos sustentáveis para a mobilidade urbana. "Nossa finalidade maior é divulgar a bicicleta como meio de transporte alternativo e viável. Além dos benefícios à saúde e ao meio ambiente que ela pode proporcionar. E acho que estamos conseguindo", animou-se.

De acordo com o coordenador do Programa Cicloviário da SMTT, Fabrício Lacerda, essa é a primeira vez no Brasil que o poder público tomou a iniciativa de promover uma ação com tamanho impacto na reocupação do espaço urbano. "Normalmente o Dia Mundial Sem Carro é promovido por ONGs e entidades do terceiro setor. A Prefeitura de Aracaju foi pioneiro e deu um importante exemplo para o país", declarou.

Outra novidade foi a simulação de paisagismo em algumas ruas do Centro, que foram enfeitadas com plantas e mudas. O trabalho só foi possível graças à parceria com a iniciativa privada. Diversas secretarias participaram da programação e contribuíram para dotar as ruas de toda infraestrutura necessária para que o pedestre tivesse prioridade e contasse com um dia especial.

Arte e saúde

O artesanato também teve prioridade no evento. Um grande estande foi preparado para expor os produtos feitos à mão pelos alunos das Escolas Abertas do município. Peças que vão desde pinturas em vidro e quadros, até bonecos de biscuit, sandálias artesanais e pequenos artigos decorativos feitas com palito de picolé. "Já recebemos vários elogios das pessoas. Estão todos adorando e querendo saber mais sobre nosso trabalho", afirmou a coordenadora da Escola Major João Teles, Vera Lúcia dos Santos, moradora do bairro Industrial.

Além de orientar a população quanto à realização de atividades físicas, profissionais da área também estavam medindo a pressão e distribuindo materiais relacionados à saúde. Até mesmo representantes da Farmácia Viva participaram da iniciativa. "Trouxemos diversas amostras de plantas para as pessoas conhecerem mais sobre o poder curativo das ervas. Damos dicas para tratamentos que vão desde as dores de cabeça até as pancadas e inflamações", ressaltou a expositora Maria de Lourdes dos Santos.

A programação seguirá até às 18h desta terça-feira e culminará com o Desafio Intermodal, onde ônibus, carro, pedestre e bicicleta vão disputar qual o melhor meio de transporte para determinada distância. A saída será da praça General Valadão em direção ao Mirante da 13 de Julho. A idéia é levantar a discussão sobre qual a forma de deslocamento mais ágil, saudável, eficiente, sustentável e barata. A ação será desenvolvida em parceria com a ONG Ciclo Urbano.

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