quinta-feira, 17 de setembro de 2009

COMANDANTE É EXONERADO APÓS DENUNCIAR CAOS NO GMAR.

A exoneração do comandante do Grupamento Marítimo (Gmar) do Corpo de Bombeiros, capitão Hector Silva Monteiro, e sua transferência para o 3º Batalhão, no município de Itabaiana, foram recebidas pela Associação Beneficente dos Servidores Militares de Sergipe (ABSMSE) como uma retaliação às declarações dadas por ele na imprensa tratando da falta de condições no prédio para onde foi transferido o grupamento, depois que a antiga sede foi desativada. Segundo o gestor da associação, sargento Jorge Vieira, desde o último dia 13 que havia boatos de que a exoneração aconteceria. Informações vindas de bombeiros do Gmar, que preferiam não se identificar, davam conta de que estaria havendo ameaças e perseguições aos militares que estavam denunciando a precariedade nas instalações do grupamento.

“Entendemos que a exoneração veio como represália ao fato de ele ter denunciado esses problemas, por ter falado a verdade, ao dizer que não tinha condições de os bombeiros continuarem trabalhando num local insalubre, que não oferecia condições mínimas, como água encanada e iluminação”, disse o sargento Vieira. Para os representantes dos militares, a exoneração do capitão Hector vai trazer prejuízos a toda a sociedade aracajuana. Vieira explica que ele era um dos quatro mergulhadores que existem no Corpo de Bombeiros em Aracaju. “Isso fragiliza o atendimento”, afirmou o gestor.

A transferência do ex-comandante do Gmar e os demais supostos casos de perseguição e ameaça aos bombeiros serão denunciados formalmente pelos representantes da ABSMSE no Ministério Público, em audiência que acontece na próxima segunda-feira. “Nós lamentamos, pois a sociedade é que vai pagar por essa perseguição a um profissional que não prevaricou, que não ocultou a problemática do Gmar”, acrescentou, ao ressaltar que a luta da associação não é contra o governo ou a instituição, mas pela valorização dela e de seus servidores.

Surpresa

Até ontem, a responsável pela Promotoria do Consumidor e Serviços de Relevância Pública, promotora de Justiça Euza Missano, que tem acompanhado a situação dos bombeiros desde o início, não sabia da transferência do capitão Hector Monteiro para o batalhão de Itabaiana. No entanto, ao ser informada pela reportagem do JORNAL DA CIDADE a mesma mostrou-se surpresa. “Havíamos até notificado o capitão Hector como comandante do Grupamento Marítimo para que comparecesse à audiência pública que será realizada no próximo dia 21”, informou a promotora. Euza Missano acrescentou, no entanto, que até o momento não recebeu nenhuma denúncia formal dos militares sobre perseguições ou assédio moral praticado pelo comando do Corpo de Bombeiros.

Segundo o assessor de Comunicação do Corpo de Bombeiros, o tenente-coronel Josué Bezerra, a exoneração do capitão Hector do comando do Gmar e sua transferência para o 3º Batalhão ainda não foram publicadas no boletim da corporação, mas se trata apenas de um remanejamento de cargo. “A função de transferir e ajustar o quadro é uma atribuição do comandante”, afirmou, negando que a transferência tenha algum caráter de retaliação ao capitão por declarações feitas na imprensa sobre as condições das instalações do Grupamento Marítimo. O tenente-coronel Josué informou que no lugar do capitão Hector assume o comando do Gmar o major Henrique, que anteriormente estava no 3º Batalhão do Corpo de Bombeiros, em Itabaiana.

Apesar das denúncias da ABSMSE, numa reunião realizada na terça-feira com o comando do Corpo de Bombeiros a Associação Sergipana de Bombeiros Militares (ASBM) externou sua decepção com a atitude dos integrantes de duas das sete associações que formam as Associações Unidas dos Militares. Segundo o tenente-coronel Josué, a denúncia feita sobre as instalações do Gmar não teve o aval das Associações Unidas PM/BM, sentindo-se desprestigiada a ASBM e os demais bombeiros.

Desativação

O antigo posto do Grupamento Marítimo foi desativado no último dia 3, diante das condições insalubres para os militares que trabalham no local. No entanto, os bombeiros foram transferidos para um local com condições ainda piores que o anterior, conforme denunciou a Associação Beneficente dos Servidores Militares. Um antigo prédio da Polícia Militar, também localizado na orla de Atalaia, foi o local para onde eles foram transferidos, uma área onde não há água encanada nem energia elétrica e que ainda serve como abrigo para moradores de rua no período da noite. Em entrevista a uma emissora de TV local, o próprio ex-comandante do Gmar reconheceu que o local não estava em boas condições de funcionamento, pois os bombeiros passavam apenas o dia no local e em caso de necessidade tinham que usar os banheiros dos bares da orla.

Fonte: Jornal da Cidade

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