sexta-feira, 11 de junho de 2010

PROGRAMA BUSCA CONSCIENTIZAR DONOS DE CÃES.

Fotos: Alejandro Zambrana

Os cuidados com o animal doméstico vão além da alimentação, banho, tosa e muito carinho. A afirmação pode soar como clichê, mas é sempre necessária aos proprietários de bichos de estimação, em especial aos donos dos conhecidos amigos fiéis do homem, os cachorros. Isso por conta de alguns maus hábitos que comprometem a limpeza da cidade e colocam em risco a saúde dos cidadãos. Dê o primeiro grito quem nunca teve que desviar o caminho por conta das fezes deixadas pelo cachorro, cujo dono não as recolheu?

Justamente com o objetivo de conscientizar os proprietários de animais sobre os cuidados ‘extras' com o bichinho, a Prefeitura Municipal de Aracaju (PMA), através do Centro de Zoonoses, tem desenvolvido o programa Posse Responsável. As atividades são direcionadas para que o cidadão tenha conhecimento das responsabilidades de ter um animal em casa, destacando cuidados que vão desde a vermifugação do animal ao recolhimento dos seus dejetos em espaços públicos e privados, a exemplo de condomínios.

De acordo com a coordenadora do programa Posse Responsável, Margareth Porto Pinheiro, os trabalhos se estendem a qualquer animal doméstico, sendo que o programa tem dado maior atenção aos cachorros por conta do problema das fezes espalhadas em praças e ruas da capital sergipana. "Em recente estudo da população canina, constatamos que para cada 13 pessoas existe um cão. É uma população razoável e que, em Aracaju, tem se concentrado em apartamentos. Os donos levam os animais para passear e, na maioria das vezes, não recolhem as fezes do animal, o que causa prejuízos à limpeza da cidade e à saúde das pessoas", destacou.

Segundo ela, o mau hábito é contínuo entre os aracajuanos e pode ser verificado com maior frequência nos bairros Grageru, 13 de Julho e Jardins. "Em especial nas praças, sem deixar de citar as calçadas. É preciso que as pessoas se conscientizem que ao sair com o cãozinho, é necessário levar um saquinho para recolher as fezes do animal e jogar no lixo. Ao contrário disso, muita gente ignora e deixa as fezes no lugar, desrespeitando o cidadão e também o próprio cachorro", declarou a Margareth.

Instrução

Em busca de diminuir a sujeira e conscientizar o dono do cão sobre as responsabilidades, o Parque Augusto Franco (Sementeira) colocou uma placa de instrução logo na entrada, onde são mostrados os três cuidados essenciais com o bichinho de estimação. "São eles: o uso da coleira, da focinheira e o recolhimento das fezes. As pessoas precisam estar atentas para o fato de que, além do desconforto, há a possibilidade de contaminação de vermes como ancylostoma e toxocara. Por mais que os cães sejam vermifugados, é preciso ter a consciência de limpar o local onde o animal deixou as fezes", explicou a coordenadora do programa Posse Responsável.

Frequentadoras assíduas do Parque da Sementeira, a professora Viviane Vieira Furtado e a autônoma Célia de Araújo afirmaram ser comum encontrar cachorros passeando com seus respectivos donos, os quais, geralmente, não carregam sacolas. "A placa está lá, mas é raro encontrar uma pessoa com o devido saquinho na mão. E acho que a sujeira aqui só não é pior porque equipes na Emsurb [Empresa Municipal de Serviços Urbanos] estão sempre a postos, limpando o parque. Um dia desses vi uma senhora colhendo as fezes do cachorrinho dela. Uma atitude louvável e que deve ser seguida por todos os donos de cães", afirmou a professora.

Sem receber elogios, mas sempre de saco em mãos, o casal Luis Roberto Ramos da Silva e Maria Priscila Reis Duarte demonstra que tem responsabilidade com a simpática cadela Jéssica. "É um costume nosso, é consciência cidadã. Sempre saímos com água para ela e sacola plástica para recolher as fezes. Acho que é dever nosso fazer isso. Agora sinto falta aqui, em Aracaju, de um lugar específico para os animais fazerem as suas necessidades", declarou Luis Roberto.

Para a coordenadora do programa Posse Responsável, Margareth Porto, a atitude do casal é louvável e digna de elogios por parte de toda a sociedade. "A partir do momento em que se elogiar uma ação dessas e passar a cobrar daquele que não colhe as fezes, teremos ruas, praças e calçadas limpas. Essa seria uma forma de educar todos, exercendo o seu papel de cidadão e exigindo que o outro também o faça", frisou.

Em recente viagem pela Europa, a servidora pública Cristina Siqueira constatou que o problema do recolher, ou não, as fezes do cão, é uma questão cultural. "Tenho um cachorro e sei muito bem o que é ter que ficar desviando de fezes de cães pelas ruas. Lá na Espanha são disponibilizados saquinhos próximos às lixeiras e quem vê as fezes, ainda que não tenha cachorro, vai lá, recolhe e coloca no lixo. Fiquei surpresa com a atitude. Por conta disso acredito que o problema é cultural", disse Cristina.

Lei municipal

A Lei Municipal 1.721/1991, do Código de Limpeza Sanitária, estabelece em seu artigo 13 que "Os proprietários, responsáveis e/ou condutores de animais são responsáveis pela limpeza dos dejetos dispostos pelos mesmos em qualquer logradouro". Nela, também estão determinadas as sanções: "os responsáveis por atos prejudiciais à limpeza urbana serão multados pela Prefeitura Municipal de Aracaju". Porém, de acordo com a coordenadora Margareth Porto, a aplicação de multas aos proprietários que ignoram o recolhimento dos dejetos de seus cães não é praticada na capital sergipana.

"Cabe a cada município legislar sobre a aplicação da multa e aqui em Aracaju não é o caso de aplicar tal penalidade. Preferimos atuar na área de educação, de maneira a conscientizar os donos de cães a exercer a cidadania. O nosso objetivo é incentivar o bom hábito. Inclusive, estamos buscando firmar uma parceria com a Emsurb para fazer uma grande campanha da ‘Posse Responsável' e tentar viabilizar a implantação de placas instrutivas, como a que tem no Parque da Sementeira, em outros pontos da cidade, em praças e na Orla de Atalaia, por exemplo", destacou Margareth.

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