quinta-feira, 8 de julho de 2010

JORNAL DO BRASIL: INDÍCIOS APONTAM PARA A PARTICIPAÇÃO DE BRUNO EM MORTE DE ELIZA.

De acordo com o delegado Edson Moreira, chefe do Departamento de Investigações de Minas Gerais, e o chefe da Divisão de Crimes Contra a Vida, Wagner Pinto, as últimas palavras de Eliza Samúdio, antes de morrer, teriam sido: "Não aguento apanhar mais". E Marcos, amigo de Bruno, teria respondido: "Não vai apanhar mais. Você vai morrer". Em seguida, o ex-policial civil - a quem o menor X. chama de Neném em seu depoimento - teria estrangulado a jovem. As revelações sobre a morte de Eliza Samúdio, modelo e ex-amante do jogador, foram feitas na manhã desta quinta-feira por Edson e por Wagner durante uma entrevista coletiva. Segundo eles, o atleta Bruno presenciou o assassinato e, depois, já de volta a seu sítio, teria tomado cerveja. Além do jogador, estariam no local também Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, Sérgio Rosa Sales Camelo e o menor X.. O delegado-geral Departamento de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa (DIHPP) de Minas Gerais, Edson Moreira, afirmou nesta quinta-feira que, no dia do desaparecimento da estudante Eliza Samudio, o goleiro do Flamengo, Bruno Souza, deixou seu sítio acompanhado da ex-amante e retornou posteriormente carregando apenas a bagagem da jovem, que foi queimada. Segundo Moreira, isso leva a crer que o atleta possa ter participado do assassinato de Eliza. Moreira anunciou ainda o pedido da prisão preventiva do ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, conhecido como Bola ou Paulista, que seria o responsável pela morte e ocultação do corpo de Eliza. Hoje cedo o Flamengo anunciou a suspensão do contrato de R$ 200 mil do goleiro. Mais cedo, também, Bruno disse que a Copa de 2014 já era para ele.

Segundo Moreira, o crime ocorreu no dia 9 de junho. Em seu sítio no município de Esmeraldas (MG), Bruno teria convencido Eliza a acompanhá-lo em seu EcoSport com o argumento de que a levaria até um apartamento alugado para a jovem. Além dos dois, embarcaram no veículo o filho de Eliza, o amigo de Bruno Luiz Henrique Runcão (conhecido como Macarrão) e um primo de Bruno de 17 anos. Sérgio Rosa Sales (conhecido como Camelo), também primo do atleta, permaneceu no sítio.

O veículo teria seguido para a casa do ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, conhecido como Bola ou Paulista, localizada na rua Araruama, no bairro Santa Clara, em Vespariano (MG), onde Eliza teria sido morta. Segundo as investigações, Bruno retornou sozinho ao sítio, carregando apenas a mala da ex-amante, que foi queimada em uma cisterna.

De acordo com Moreira, a polícia chegou ao local do crime com base no depoimento do adolescente de 17 anos, apreendido na quarta-feira. Durante reunião entre o delegado-chefe do DIHPP, o chefe da delegacia de homicídios, Wagner Pinto, e outros policiais que fazem parte das investigações, o grupo concluiu que a depoimento do jovem era "70% a 80% verídico". "Identificamos que grande parte daquela versão apresentada pelo menor no Rio de Janeiro é verdadeira. A investigação está chegando ao fim", disse Moreira.

A Polícia Civil pediu a prisão preventiva de Bola, que, segundo Moreira, é o responsável pela morte e ocultação do corpo de Eliza. O pedido foi encaminhado para análise da juíza Marixa Fabiane, do fórum de Contagem (MG).

De acordo com as investigações, Bola é ex-policial civil e atualmente dá curso de adestramento de cães e sobrevivência. "Ele sabe como fazer as coisas", disse Moreira. Na noite do crime, segundo a polícia, Eliza teve as mãos atadas com cordas. Ela teria dito ao ex-policial que "não aguentava mais apanhar". Em resposta, ela teria ouvido que iria morrer.

Bola se posicionou então às costas da jovem, prendeu as pernas dela e a estrangulou. Após a execução, o ex-policial entrou na casa com o corpo e mandou Bruno, Macarrão e o adolescente se afastarem. No local, ele teria esquartejado a jovem. Ao retornar, Bola teria entregado os restos mortais para alimentar seus cães.

Depoimentos

Segundo Moreira, a versão do adolescente sobre o crime foi confirmada por Sérgio Rosa Sales, que também foi preso na quarta-feira e prestou depoimento à polícia. "Os detalhes vão se encaixando e as provas vão se enrobustecendo", disse o delegado.

Eliza Samudio foi mantida em cárcere privado no sítio do atleta e colocada na área da churrasqueira da propriedade. As investigações apontam que uma caixa de som era utilizada para que Eliza ouvisse e obedecesse às ordens dadas por Bruno e Macarrão. Antes de ser levada para a casa do ex-policial, a jovem teria sido agredida e torturada para que ligasse para uma amiga dizendo que estava tudo bem.

Moreira afirmou que Bruno viu os ferimentos de Eliza e presenciou ela "ser levada para a morte". De acordo com o depoimento do menor apreendido, Bruno demonstrou frieza durante o crime. "Dos três, (Bruno) era o mais tranqüilo, segundo a versão do adolescente. Inclusive o menor, ao narrar, disse que os outros estavam transtornados e ele (o menor) chorava compulsivamente", disse Moreira.

Segundo o advogado de Sérgio, Marco Antonio Siqueira, seu cliente confirmou à polícia que sabia do assassinato de Eliza, por ter desconfiado do sumiço da jovem. Sérgio afirmou em depoimento que viu Eliza e o filho dela no sítio de Bruno em Esmeraldas (MG), "e ela estava realmente machucada".

O advogado vai pedir a liberdade de seu cliente à juíza Marixa Fabiane, do forum de Contagem. Caso o pedido de habeas-corpus não seja aceito, ele deve recorrer a instâncias superiores.

Ainda de acordo com Siqueira, o primo de Bruno é jogador do 100% Futebol Clube, time amador mantido pelo goleiro do Flamengo e formado por amigos e parentes dele que moram no bairro Liberdade, em Ribeirão das Neves (MG). Siqueira informou que Sérgio tinha convivência com Bruno e outros jogadores de futebol, e que inclusive ele teria participado recentemente, no Rio de Janeiro, da festa de aniversário do ex-atacante do Flamengo Wagner Love. "Ele (Sérgio) é um rapaz de bem e que na história é o bobo da corte. Ele foi envolvido, não teria participação direta", disse o advogado.

Buscas

O chefe da delegacia de homicídios, Wagner Pinto, afirmou que há indícios de que havia alguém na casa de Bola, e que essa pessoa provavelmente saiu às pressas pouco antes da chegada da polícia, na manhã de quarta-feira. "O circuito externo estava ligado, sendo monitorado por uma TV, a pia estava molhada, a janela aberta. (São) elementos que indicam que alguém estava lá e deixou o local rapidamente", disse Pinto.

Segundo Pinto, mesmo que o corpo de Eliza não seja localizado na residência, já há provas suficientes para o indiciamento dos envolvidos por homicídio. "O cruzamento de provas subjetivas e objetivas, mais o sangue de Eliza (encontrado no jipe Range Rover do jogador, apreendido no dia 8 de junho), apontam, sem sombra de dúvidas, que Eliza está morta. Então temos já uma parte da materialidade. Se não encontrarmos o cadáver, as pessoas incluídas serão indiciadas e apresentadas à Justiça", disse.

O delegado disse ainda que as buscas devem continuar, tanto na casa de Bola quanto em outro lugar em que o corpo de Eliza possa estar.

Ao fim da entrevista coletiva, Edson Moreira declarou-se chocado com as circunstâncias do crime. "Estamos chocados com toda essa monstruosidade. Eu mesmo estou um pouco diferente, em choque. Estamos acostumados a ver coisas bárbaras, mas a maneira que estamos investigando, estamos realmente emocionados e transtornados", disse.

Fonte: Jornal do Brasil

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