sexta-feira, 14 de março de 2014

CAMPANHA ORIENTA POPULAÇÃO SOBRE TRATAMENTOS PARA INCONTINÊNCIA URINÁRIA.

A Sociedade Brasileira de Urologia (SBU)  aproveita o Dia Mundial da Incontinência Urinária, comemorado hoje (14), para divulgar a campanha "Segura aí", que visa a conscientizar a população sobre esse problema que afeta homens e mulheres de todas as idades. A campanha educativa para o público leigo começa no próximo dia 26, nas ruas e em unidades hospitalares de várias localidades do país.

O coordenador do Departamento de  Urologia Feminina da SBU, Márcio Averbeck, disse à Agência Brasil que estão definidas, até o momento, atividades em Porto Alegre e São Paulo. A capital paulista concentra a maior parte dos serviços médicos do Brasil.  Outras capitais deverão aderir ao movimento.

“A ideia é fazer atividades de divulgação em locais de ampla movimentação de pessoas. Em Porto Alegre, foi escolhida a Esquina Democrática, no centro da cidade, próximo ao Mercado Público. Além disso, vão ser abordadas algumas instituições hospitalares”, informou. Na capital gaúcha, por exemplo, Averbeck citou o Hospital Materno-Infantil Presidente Vargas, que atende grande número de mulheres com queixa de incontinência urinária.

Em cada uma das cidades que sediarão a campanha, um médico urologista membro da SBU, acompanhado por uma equipe, estará divulgando publicações que explicarão às pessoas o que é a incontinência urinária e as modalidades de tratamento existentes.

“Infelizmente, a gente sabe que muitas pessoas acabam não procurando ajuda, tendo esse problema de incontinência urinária”. Segundo Averbeck, a prática médica mostra que quando as pessoas procuram ajuda, em geral elas se encontram em uma etapa em que a perda involuntária de urina está mais severa e as chances de tratamento com cura não são as melhores. O constrangimento ou a vergonha de falar do assunto com outras pessoas é um dos fatores que levam quem sofre desse problema a não buscar ajuda médica e, muitas vezes, a se afastar do convívio social.

Outro fator identificado pela prática clínica é o fato de as pessoas acreditarem que a incontinência urinária é algo que acontece, de forma normal, com o envelhecimento, “o que não é verdade”, acentuou Márcio Averbeck. Ele deixou claro que “em qualquer etapa da vida, a incontinência urinária atrapalha muito a qualidade de vida das pessoas”. Acrescentou que, muitas vezes, o problema acaba levando as pessoas que sofrem dessa doença à depressão e até ao suicídio. 

Um estudo europeu demonstrou que idosos que levantam duas ou mais vezes à noite para urinar, ou seja, que podem ter a bexiga hiperativa - uma das causas da incontinência urinária, têm risco aumentado de quedas e fraturas e mortalidade maior do que a população em geral, relatou o médico. “A incontinência urinária gera um prejuízo importante na qualidade de vida do indivíduo”, frisou.

O terceiro fator que leva as pessoas a não procurarem  auxílio médico é o desconhecimento sobre as modalidades de tratamento. Hoje, com a evolução técnica, Averbeck assegurou que as cirurgias, quando necessárias, são minimamente invasivas. Existem três tipos de incontinência urinária.

Uma delas é a incontinência por esforço, que ocorre quando a pessoa tosse, espirra, levanta peso ou ri. A incontinência urinária de urgência é um sinônimo de bexiga hiperativa  e ocorre quando há uma súbita vontade de urinar e a pessoa não consegue chegar a tempo ao banheiro. Um terceiro tipo de perda involuntária de urina mistura esses dois sintomas.

Além desses tipos, existe a incontinência por transbordamento, que afeta com mais frequência homens que têm aumento da próstata e apresentam dificuldade de esvaziar a bexiga. Em consequência dessa dificuldade, a bexiga começa a transbordar e ocorre um gotejamento contínuo de urina. Esse tipo de incontinência é muito perigoso, disse o urologista, porque pode indicar insuficiência renal aguda.

Averbeck lembrou que, a partir de janeiro deste ano, as pessoas que sofrem de incontinência urinária contam com dois novos procedimentos para o tratamento, incluídos no rol da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) para 2014. Um deles é o implante do esfíncter urinário artificial em homens que sofrem de incontinência urinária, após a remoção cirúrgica da próstata. “A gente estima que entre 5% e 10% dos homens que fazem a cirurgia radical da próstata vão apresentar incontinência urinária persistente, com necessidade de tratamento. A gente sabe que esse esfíncter urinário artificial beneficia esses homens”. O médico lembra que, no Brasil, o câncer mais frequente nos homens é o da próstata.

Outro tratamento que entrou no rol da ANS é o implante de um marca-passo da bexiga, chamado tecnicamente de neuromodulação sacral. Ele consiste na estimulação elétrica do nervo da pelve para melhorar o sintoma de urgência em pacientes que têm incontinência urinária de urgência. Cerca de 18% da população brasileira apresentam sintomas de bexiga hiperativa. No Rio Grande do Sul, que tem uma população de 10 milhões de pessoas, são 2 milhões de pessoas que sofrem os sintomas da bexiga hiperativa. O implante do marca-passo é importante para os pacientes que não respondem aos tratamentos mais conservadores, apontou.

O urologista da SBU disse ainda que menos de um terço dos brasileiros que sofrem de incontinência urinária procura ajuda médica e, dentre os que procuram auxílio clínico, 70% relatam que o tratamento feito não foi suficiente para resolver o problema. “Isso significa dizer que hoje as pessoas não conhecem e não desfrutam de todas as modalidades de tratamento que a gente tem para oferecer no armamentário para essas condições”.

Por meio da divulgação do problema, a SBU quer melhorar as condições de saúde da população brasileira. Averbeck informou que os sintomas de bexiga hiperativa são mais comuns e mais frequentes  na população do Brasil do que a asma e o diabetes, que são doenças crônicas e bastante conhecidas. “A bexiga hiperativa é tão prevalente e tão frequente, ou até mais, que o diabetes”, disse.

A campanha "Segura aí", de esclarecimento da incontinência urinária, é realizada pela SBU em parceria com o Instituto Lado a Lado pela Vida.

Fonte:  Agência Brasil

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