Durante muito tempo, o Partido dos Trabalhadores caracterizou-se pela sua aversão ao capitalismo. Ao longo da sua história, posicionou-se continuamente em defesa da classe trabalhadora e se tornou uma espécie de referência para os servidores públicos. A imagem era tão irreal que conseguiu deslumbrar parte considerável dos intelectuais e a maioria esmagadora da classe média.
Esse apoio foi robustecido pelos movimentos sociais e também por segmentos religiosos que se sentiam atraídos pela retórica prestidigitadora dos petistas. Posteriormente, e em um verdadeiro passo de mágica, o PT fez uma inflexão estratégica à direita outrora contestada, para granjear o apoio de empresários e banqueiros. Foi dessa maneira que Lula venceu as eleições ao lado do seu companheiro de chapa, o saudoso mineiro José de Alencar.
Nesse período, o PT já estava adotando a prática ambivalente de não ser de esquerda, nem de direita, nem de centro. O PT tornara-se uma espécie de PSD, Partido Sem Direção. Contudo, a força de uma oratória populista e demagógica camuflou os movimentos tortuosos e o partido prosseguiu como o adversário das privatizações, defensor dos servidores públicos e antagonista dos banqueiros. A agremiação partidária apresentava-se como a ambígua salvadora socialista de base marxista para o público, e a convicta capitalista para os íntimos.
Essa tática proporcionou a multiplicação de parlamentares petistas nos planos municipal, estadual e federal, além de uma consolidação na política nacional apoiada por ações midiáticas. Apesar do êxito político constatado, as consecutivas ações desenvolvidas pelo governo do PT, que agora é o maior entusiasta das privatizações, por exemplo, demonstra claramente que o partido, hoje, é uma inspiração para a canção de Caetano Veloso no passado, ou seja, o PT de agora é o avesso, do avesso, do avesso, do PT original.
Destarte, principia a fase de retirada da máscara petista. Aliás, fato que se dá de forma retardada por falha dos oponentes. Digo isso porque alguns atos pretéritos não foram divulgados como deveriam ter sido. Afinal de contas, o PT ficou contra Tancredo Neves, fez restrições à Constituição Cidadã de 88 e se posicionou desfavorável ao Plano Real. Coincidentemente, essas situações garantiram a redemocratização do Brasil e a estabilidade econômica, que por ironia, tem servido de emblema para o atual governo.
Essa mudança de concepção poderia ser compreendida sem alarde. Todavia, a falação petista, discordante da prática, compele os cidadãos a apontarem fluentemente inumeráveis incoerências através de incontáveis indagações. Como é que o PT continua bombardeando as privatizações depois das medidas adotadas em relação aos aeroportos? Como é que o PT continua condenando os banqueiros, quando no governo petista são os banqueiros que auferem os maiores lucros? Como é que o PT é um partido socialista de base marxista, quando propõe uma espécie de privatização da previdência para os servidores públicos?
Diante desses fatos, torna-se desnecessário mencionar, aqui, a decepção que o PT causou àqueles que emitiram seus votos por razões ideológicas. Do mesmo, é dispensável fazer comentários sobre a proximidade que a sigla estabeleceu com os seus opostos mais ferrenhos. Tudo isso é causa de desapontamentos porque muitos eleitores consideravam os integrantes do PT distintos, dessemelhantes, possuidores de qualidades próprias, incapazes de se embaralharem com os diversos setores da política brasileira.
Ao se depararem com o verdadeiro ideário petista, os brasileiros descobriram que não há mais no cenário político a figura do “salvador da pátria”. Os discursos que tentavam cegar os trabalhadores, e seduzir o eleitorado de um modo geral, foram descaracterizados por uma prática adversa. As luzes foram definitivamente acesas e a extraordinária clareza da inteligência dos cidadãos os faz entender que o PT não é o que parece ser. O PT é o partido das privatizações, do arrocho salarial, que proporciona lucros exorbitantes aos banqueiros, que privatiza, inclusive, a previdência dos servidores públicos. O PT é isso! Simplesmente, isso.
Texto escrito por: Mendonça Prado, Advogado, Mestrando em Direito Tributário pela Universidade Católica de Brasília, Deputado Federal por Sergipe, Presidente da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado da Câmara dos Deputados e Vice-Presidente do Democratas.
Fonte: Site do Deputado
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