Com o objetivo de manifestar a indignação dos trabalhadores e trabalhadoras com relação à proposta de aumento da tarifa de ônibus em Aracaju, a Central Única dos Trabalhadores de Sergipe (CUT/SE) promoveu um Ato Público de protesto nesta quarta-feira, 12 de janeiro. A manifestação ocorreu no Calçadão da Rua João Pessoa e contou com a presença de diversos sindicatos, dentre eles SINDIJOR, SINDITIC, STASE, SINDIMINA, SINTESE, SINDETRAN, SINDSEME, além de entidades representantes da sociedade como a USES, o Grupo ATITUDE, a Juventude do PT, e da Deputada Ana Lúcia.
Durante o Ato, dirigentes da CUT/SE esclareceram que a proposta da Central é que os trabalhadores, juntamente com o Setransp e a Prefeitura de Aracaju, discutam a qualidade do transporte público em Aracaju, antes de aumentar a tarifa de ônibus. Usando a criatividade, a CUT/SE mostrou as péssimas condições dos ônibus aracajuanos através de uma carroça que simbolizava o tão utilizado coletivo. “Esse foi o melhor modo que nós encontramos de representar o transporte público que é oferecido aos aracajuanos. Um transporte de péssima qualidade, sem segurança, sem conforto, e que difere da carroça pelo preço da tarifa, que é abusiva”, declarou Rubens Marques, presidente da CUT/SE.
Para o presidente do Sindicato dos Servidores do DETRAN Sergipe (SINDETRAN), Klebson Pinto, não existe argumento plausível para o aumento da passagem de ônibus da forma como o empresariado quer. “O trabalhador não tem uma remuneração justa, e por conta disso, ele não tem condições de agüentar uma carga tributária tão alta. Não se justifica um aumento de passagem visto que as condições dos ônibus que trafegam em Aracaju são de péssima qualidade, não temos segurança e o trajeto percorrido é curto. O próprio SINDETRAN passa por dificuldades na questão de transporte, e os servidores se questionam, porque um órgão executivo de trânsito não tem um convênio com a Prefeitura Municipal para que a gente tenha direito ao transporte público gratuito. Esse benefício seria importantíssimo para o servidor do DETRAN, que tem um salário de R$400, para ter direito ao transporte público tem um desconto de 6% no seu contracheque”, destacou Klebson Pinto.
A presidente do SINTESE, Ângela Melo, chamou a atenção para a falta de discussão e debate público sobre o transporte coletivo, e da necessidade da população se manifestar. “O aumento de passagem atinge todos os trabalhadores. O que nos deixa mais indignado é a relação antidemocrática que existe na cidade de Aracaju. É exatamente o empresário do transporte público que determina o valor da passagem do transporte urbano em Aracaju. Quem avalia a planilha de custos dessas empresas? Qual o papel da população nas discussões democráticas sobre a tarifa de transporte coletivo? Nós temos um transporte de péssima qualidade, que no final de semana não permite ao trabalhador o direito ao lazer, porque o número de ônibus é reduzido em 70% nos fins de semana. Pergunte se eles utilizam o transporte público? Não! Eles andam no conforto de seus carros, adquiridos com o lucro das suas empresas de ônibus. Isso não é justo. Se é a população quem paga pelo transporte público, ela tem o direito de debater o aumento da tarifa de ônibus”, assegurou Ângela.
Audiência pública sobre o transporte público já!
No mesmo horário do Ato, uma comissão de representantes da CUT/SE protocolou um ofício no Ministério Público Estadual (MPE) solicitando providências no sentido da realização de audiência pública para debater o transporte coletivo de ônibus em nossa capital. “Nós sugerimos ao MPE que convoque o Setransp, a Prefeitura de Aracaju e a CUT/SE, como representante dos trabalhadores, para discutirmos não só a planilha de custos das empresas, mas também a planilha de lucros. Há muito a sociedade sergipana clama por um transporte público de qualidade com transparência e participação popular no processo de definição das tarifas. O debate central dessa situação é a questão da licitação. Aqui em Aracaju não se faz licitação para o transporte público. Se o Ministério Público aceitar a nossa sugestão de debate, nós vamos dar um grande passo, de fazer com que a sociedade se envolva e possa, cada vez mais, fazer parte das decisões que dizem respeito a ela”, confirmou Rubens Marques.
A Deputada Ana Lúcia reafirmou o seu apoio à mobilização, e caracterizou o possível aumento da tarifa de ônibus como um abuso. “Os levantamentos divulgados na imprensa mostram que a nossa capital está com uma tarifa de ônibus maior do que a de outras capitais brasileiras que são maiores do que Aracaju. Portanto, esperamos que este ano não tenha aumento da tarifa de ônibus, e, se por acaso tiver uma negociação de reajuste, tem que ser um aumento à nível do reajuste dos salários dos trabalhadores e não de 16,97%. O transporte público é uma concessão, e como tal, deve ter uma função social. Não se pode reajustar uma tarifa além dos termos do que foi reajustado no salário dos trabalhadores. A CUT/SE está de parabéns por encabeçar essa luta para garantir os direitos sociais e de mobilidade dos trabalhadores e de toda a sociedade. Assim como a CUT, eu também protocolei no MP um ação para discutirmos o transporte público, e espero que essa audiência seja convocada. A população merece isso, já que a sua maioria é usuária do transporte urbano”, concluiu Ana Lúcia.
Fonte: CUT/SE
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