segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

"CERCA DE 70 PACIENTES ESTÃO EM ESTADO CRÍTICO", DIZ MÉDICO DE SANTA MARIA.


Pneumologista trabalha como voluntário em três hospitais desde as 7h de domingo

O médico pneumologista Abdias Baptista de Melo Neto afirmou ao iG que 70 pacientes estão em estado crítico, o que pode elevar a 300 o número total de vítimas  do incêndio que até agora matou 231 pessoas em uma boate em Santa Maria (RS).

Melo Neto é um dos voluntários que desde ontem participam do socorro aos sobreviventes. Entre 7h e 21h30, ele recebeu, em três hospitais, os pacientes que chegavam nas ambulâncias do Samu.

“Dos pacientes atendidos, mais de 70% tiveram queimaduras aéreas: nariz, boca, laringe, traqueia e pulmão. Alguns ficam em observação hospitalar, mas outros precisaram de ventilação mecânica [respirador]”.

Ele afirmou que o que mais chama a atenção é que “esse tipo de paciente chega bem, sem queixas além da irritação da garganta, mas acabam evoluindo mal”.

É por essa razão que ele fez uma “estimativa” de quantos pacientes podem acabar morrendo nas próximas horas. “Deve passar de 300 mortos. São cerca de 70 pacientes em estado crítico, potencialmente graves, com risco de óbito, sem contar quem esta em situação grave, mas em melhora clínica”, afirmou.

O pneumologista disse que pacientes com esse tipo de problema podem passar até meses em agonia, mas que o período crítico são as 72 horas depois do ocorrido. Ele acredita que mais 15 pessoas serão levadas para um centro especializado em Porto Alegre.

Inferno

Melo Neto conta que viu “muitas cenas de pessoas que entraram em desespero, em choque. Perderam filhos únicos, pais, irmãs, todo o tipo de relação familiar foi desfeita pela tragédia”:

“A nossa mente foi até o inferno e não conseguiu voltar. É uma cicatriz permanente porque não há treinamento técnico que prepare alguém para o que a gente viu”, disse. “As imagens que lembram o holocausto: corpos empilhados, alguns sem identificação”.

Apesar da maratona de ontem, o médico já voltou a trabalhar. “Estou desde cedo trabalhando. Vou aos hospitais para ajustar no tratamento de quem está estável e para avaliar quem terá a necessidade de ser transferido para Porto Alegre”.

Fonte:  IG (Wanderley Preite Sobrinho)

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