domingo, 2 de agosto de 2009

ENTREVISTA DE NILSON LIMA FALA DE CANDIDATURA.

Nilson Lima, ex-secretário do governo de Sergipe – comandado pelo petista Marcelo Déda – e militante do PT por 27 anos decidiu mudar. Filiou-se ao PPS e já se prepara para ser o candidato do partido a governador em 2010. Nós estamos discutindo com outros partidos políticos a possibilidade da construção de um projeto político alternativo para o Estado, adianta Lima em entrevista exclusiva ao Portal do PPS.

Na avaliação do ex-secretário, o PPS é o partido vocacionado para liderar essa frente de oposições no Estado, com grandes possibilidades de vitória. O atual governo do Estado perdeu a capacidade de articulação com as lideranças políticas na capital e interior e enfrenta enorme desgaste por causa da dificuldade em dialogar com servidores, principalmente os militares e os professores.

Há hoje um sentimento vivo na sociedade sergipana de renovação dos quadros políticos, mas com responsabilidade, equilíbrio e moderação, para que o Estado possa retomar o equilíbrio fiscal, tenha um ambiente de diálogo com os servidores e as lideranças políticas do Estado, analisa Nilson Lima.

Sobre o governo federal, ele acredita que os programas assistenciais como o Bolsa Família devem ser mantidos e até ampliados, mas ressalva que é necessária uma porta de saída. São necessárias políticas públicas complementares para fazer com que o cidadão deixe de receber um favor do Estado e passe a ter um emprego, viver em condições de dignidade bem maiores para sustentar sua família e educar seus filhos. Nilson Lima está confiante não só na vitória para o governo do Estado, mas também na mudança na administração federal. Acredita nas propostas do governador José Serra e ressalta que ele lidera, com folga, todas as pesquisas eleitorais para presidente feitas em Sergipe. Leia a entrevista de Lima ao Portal do PPS.

Por que o senhor escolheu o PPS?

Por afinidade ideológica com a minha posição de militante nos últimos 27 anos. Fui filiado, militante e dirigente do Partido dos Trabalhadores. Diante de um quadro político completamente novo em Sergipe, nós estamos discutindo com outros partidos políticos a possibilidade da construção de um projeto político alternativo para o Estado. Esse projeto envolve a apresentação de uma candidatura competitiva a governador, passa pela formação de uma chapa também competitiva para o Senado – as duas vagas –, da mesma forma uma nominata competitiva para deputado federal e para deputado estadual.

Depois de, pessoalmente, já ter feito a escolha pelo PPS, eu submeti essa decisão à apreciação das lideranças políticas dos outros partidos, personalidades da sociedade civil daqui de Sergipe e chegamos à escolha do PPS. Levamos em consideração a história de luta do partido, a qualidade de seus militantes, sua representação política no Congresso Nacional, a perspectiva com um projeto político de renovação. Tudo isso somado a um relacionamento de longos anos que tenho com os militantes do PPS no Estado, como por exemplo Welington Mangueira e outras personalidades que ingressaram mais recentemente, como o ex-prefeito de Socorro, José Santos, e também a presidente Venúsia Rodrigues e a juventude do PPS aqui, que é uma juventude muito atuante.

Nós entendemos que o PPS é o partido vocacionado para liderar essa frente de oposições no Estado, com grandes possibilidades de vitória.

Então o senhor vai mesmo sair candidato a governador de Sergipe?

O Roberto Freire esteve aqui para abonar a minha ficha de filiação ao PPS e manifestar o interesse da direção nacional na nossa pré-candidatura; de forma que, ao lado da direção estadual e das lideranças mais expressivas do partido, estamos compreendendo que esse projeto hoje é abraçado pelo PPS tanto no âmbito nacional quanto estadual. Conseguimos, em um curto espaço de tempo, colocar o PPS na cena principal da política do Estado de Sergipe. Temos a possibilidade de unir candidatos da oposição, mas mesmo que não o consigamos no primeiro turno, estamos nos preparando para conquistar uma vaga no segundo turno.

O presidente Roberto Freire deu uma grande contribuição ao participar de conversas com lideranças importantes aqui do Estado, representativas de partidos que têm acento no Congresso Nacional, na Assembléia Legislativa. O presidente Freire saiu muito animado com a movimentação política que tem acontecido aqui no Estado tendo como protagonista o PPS.

Quais são as principais propostas que o senhor vai defender como candidato?

Eu tenho uma particularidade que é a de ter atuado nas três esferas federativas. Sou auditor da Receita Federal, já exerci, no Estado, a função de delegado da Receita; tive a oportunidade de atuar como secretário de finanças do município de Aracaju durante cinco anos e três meses; fui candidato a deputado federal nas últimas eleições; saí do pleito e coordenei o processo de transição do governo anterior para o atual governo do Estado e fui secretário da Fazenda por dois anos. Além disso, tenho militância, como disse, de 27 anos no PT. Isso faz com que a gente tenha credibilidade para arregimentar quadros na sociedade sergipana. Tivemos uma primeira reunião, da qual participaram nove partidos, constituímos uma comissão provisória para preparar um diagnóstico abrangente da situação econômica, social e política do Estado para, a partir daí criar as diretrizes para um plano de governo. Nós temos até o próximo ano para apresentá-lo, mas vamos nos preparar um plano que contemple as diversas áreas de atuação do governo do Estado, sinalizando com uma renovação na política, uma vez que há um cansaço na sociedade, com exemplos que brotam de todos os recantos do país, principalmente agora, com essa crise no Senado Federal. Então, há um desejo muito forte de renovação e nós estamos nos preparando para elaborar um plano de governo renovador e ao mesmo tempo realista, pé no chão.

Em função do nosso perfil, entendemos que a sociedade não aceitaria promessas vazias como a maioria dos candidatos insiste em apresentar. A sociedade não aceita mais a disputa baixa, mesquinha e exige de todos aqueles que se propõem a disputar cargos majoritários e proporcionais que o façam lastreados em um plano de governo, um plano de atuação no Parlamento, que reuna forças políticas expressivas e com credibilidade. Nós já demos o primeiro passo para a apresentação desse ideário, que foi constituir a comissão. Deveremos ter a construção com a metodologia participativa, com a realização de fóruns, seminários na capital e no interior, ouvindo as comunidades e lideranças dos diversos segmentos da sociedade.

Qual a sua avaliação do atual governo do Estado. O que o levou a deixar o governo e o PT?

Durante os dois primeiros anos da administração, o governo do Estado fez o dever de casa; saneamos as finanças do Estado, conseguimos devolver a regularidade fiscal, previdenciária, criar condições para que o Estado tivesse condições de iniciar uma série de investimentos na área de infraestrutura, saúde e, além disso, deixamos Sergipe em situação de contrair operações de crédito, celebrar convênios com o governo federal, objetivando intensificar sua atuação nas áreas estratégicas que demandam maiores recursos.

Entretanto, a partir das eleições municipais houve uma inflexão na liderança, que vem sendo exercida de forma a gerar muito descontentamento, não só na base aliada do governo, como na sociedade. O governo passou a sofrer desgastes em função de algumas atitudes não aceitas pela população, como a dificuldade para dialogar e negociar com os servidores civis e militares, como na mobilização dos militares para uma política salarial; também teve um desgaste em função do enfrentamento com os professores, dificuldades com diversas outras categorias e incapacidade de se relacionar com as lideranças políticas da capital e do interior. Por outro lado, as alternativas de oposição não empolgam a população. Há hoje um sentimento vivo na sociedade sergipana de renovação dos quadros políticos, mas com responsabilidade, equilíbrio e moderação, para que o Estado possa retomar o equilíbrio fiscal, tenha um ambiente de diálogo com os servidores e as lideranças políticas do Estado.

O senhor acha que o governo Lula, com o populismo pelo qual se pauta, ainda corresponde aos interesses da sociedade ou apenas se preocupa em obter vantagens eleitorais junto às camadas menos informadas?

O presidente Lula inegavelmente tem grande penetração nas classes populares, e o carro-chefe é o Bolsa Família. Mas há uma sensação na sociedade de que é preciso aperfeiçoar esse programa de compensação. Ele cumpriu um grande papel, ao evitar que milhões de nordestinos, nortistas, de habitantes do Centro-Oeste perdessem suas vidas ou vivessem sem qualidade alguma. É preciso continuar o programa e até mesmo ampliá-lo, mas ele necessita de uma porta de saída. Não pode ficar só no benefício assistencial; são necessárias políticas públicas complementares para fazer com que o cidadão deixe de receber um favor do Estado e passe a ter um emprego, viver em condições de dignidade bem maiores para sustentar sua família, educar seus filhos.

Com Lula fora da disputa presidencial, a população está atenta e o candidato José Serra lidera todas as pesquisas aqui no Estado com muita folga. O governo precisa sempre se renovar para atender às novas demandas; daí porque há um sentimento também de que vai haver mudança no governo federal; da mesma forma que existe um desencanto em nível estadual, há uma sensação de que é preciso ir além das políticas assistenciais. Políticas públicas que deveriam ser empreendidas em função de uma certa acomodação do atual governo e que precisam ser intensificadas a partir do próximo governo e há uma sensação de que algumas tarefas importantes para garantir o desenvolvimento econômico sustentado do país precisam ser cumpridas. Pelo que sentimos hoje, nas ruas, conversando com as pessoas, teremos um projeto exitoso das oposições ao atual governo federal.

Fonte: Fax Aju - por: Valéria de Oliveira

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