Segundo aliados dentro do partido, Carlos Lupi avaliou que não tem mais apoio político para permanecer no cargo.
Em reunião com a presidenta Dilma Rousseff, Carlos Lupi acertou hoje sua demissão do Ministério do Trabalho. Ele resolveu tomar a decisão ao ser informado que não tinha mais o apoio da presidenta. "Não dá mais", disse Lupi a um dos aliados dentro da legenda da qual é presidente em exercício. O iG apurou que ele já havia marcado uma reunião da Executiva Nacional do partido para anunciar sua decisão.
Na quarta-feira passada, a situação do ministro havia se agravado por conta do relatório da Comissão de Ética da Presidência da República que recomendou a sua exoneração do cargo. Num primeiro momento, Dilma optou por ganhar tempo. Pediu mais detalhes sobre o caso e recomendou que Lupi se explicasse mais.
Outro fato que pesou contra o ministro foi a revelação de que acumulou dois empregos públicos ao mesmo tempo, um como assessor da Câmara Municipal de Vereadores do Rio de Janeiro e outro como assessor da liderança do PDT na Câmara dos Deputados. O caso foi noticiado pelo jornal Folha de S.Paulo. O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, disse que, "em tese" Lupi cometeu um crime.
As denúncias contra Lupi se agravaram a partir do fim de outubro. No dia 26 daquele mês, o iG revelou que o esquema de desvio de recursos do Ministério do Esporte para Organizações Não-Governamentais também operou na pasta do Trabalho. Reportagem do portal trouxe o depoimento de um empresário que disse ter emitidos notas para ONGs ligadas ao PDT.
Corrupção e avião particular
Em seguida, a revista Veja publicou reportagem mostrando um suposta esquema de arrecadação de propina envolvendo funcionários da pasta. Na semana seguinte, uma denúncia agravou ainda mais a situação de Lupi. A mesma revista revelou que ele usou um avião cedido por uma ONG para realizar uma viagem a municípios do Maranhão.
Em princípio, Lupi negou ter usado "aviões particulares". Ele chegou a divulgar uma nota na página do Ministério do Trabalho desmentindo a informação sobre o uso de um avião King-Air. Dias depois, no entanto, o site Grajaú de Fato publicou uma série de fotografias em que Lupi e outros militantes do PDT apareciam no avião citado.
O ministro também negou que conhecia o presidente da ONG Pró-Cerrado, Adair Meira. Ele foi o responsável por providenciar o avião King-Air para Lupi e outros militantes do PDT voarem. Ex-secretário de Políticas para o Emprego, Ezequiel de Sousa Nascimento confirmou a versão de Meira.
Falta de apoio político
Além dos problemas com denúncias, Lupi somou desafetos no PDT. A começar pelo deputado Brizola Neto (PDT-RJ), que reivindica o comando da sigla. A crise no Ministério, no entanto, acabou atingindo a imagem do partido. Num primeiro momento, os pedidos de demissão vieram do deputado José Reguffe (PDT-DF) e do senador Pedro Taques (PDT-MT).
Aos poucos, contudo, o número de pedidos para que Lupi saísse da pasta. Até mesmo, o presidente em exercício, do PDT, André Figueiredo (CE), chegou a recomendar que ele deixasse o cargo. Em vão, Lupi tentou se segurar, pelo menos, até janeiro do ano que vem quando deve ser realizada a reforma ministerial.
Fonte: Portal IG (Adriano Ceolin e Severino Motta)
Nenhum comentário:
Postar um comentário