O espaço Tribuna Livre da Câmara Municipal de Aracaju (CMA) foi utilizado na manhã desta segunda, 12/12, pelo juiz da Comarca de São Cristóvão, Manoel da Costa Neto, para destacar a necessidade de ações no combate ao crack e ressaltar o Projeto Família Ideal, cujo objetivo é trabalhar a conscientização das famílias a cerca dos problemas das drogas.
Com a experiência de quem atua diariamente com casos de jovens em situação de risco, o juiz Manoel da Costa Neto revelou que das 250 situações acompanhadas semanalmente pelo projeto, 80% são decorrentes do desequilíbrio familiar. “A cada 10 crianças ou adolescentes, oito são drogaditos fabricados pela família. A principal razão é a falta de assistência familiar em momentos cruciais de formação do indivíduo”, declarou.
Diante da citada realidade, o magistrado explicou a forma de atuação do Projeto Família Ideal na busca por recuperar o drogadito e sua reinserção no seio familiar. “Atuamos na conscientização das famílias para divulgar que tem alguém usuário de droga em seu convívio. Essa é maior dificuldade, pois ninguém que assumir que tem um drogadito em casa. Portanto, o nosso primeiro passo é a divulgação, depois a resposta sigilosa e em terceiro a recuperação”, disse o juiz Manoel da Costa Neto.
Em apartes, os vereadores Valdir Santos (PTdoB), Dr. Emerson (PT), Moritos Matos (PDT), Dr. Emerson (PT) e Jailton Santana (PSC) parabenizaram o juiz Manoel da Costa Neto pela explanação e fizeram algumas considerações. “Parabéns Manoel pela seu discurso e quero aqui que concordo com você quando diz que deve iniciar o tratamento do viciado na família. Infelizmente as políticas públicas não priorizam a família, se investisse na família, com certeza diminuiria muita essa problemática de usuário de drogas. Para mim, educação, família e religião são essenciais para ser um cidadão do bem e penso ser o caminho para aqueles que fazem uso da droga. Quando um desses aspectos falham, pessoas entram no mundo das drogas”, disse Matos.
Já o vereador Jailton Santana (PSC) questionou o magistrado sobre o novo plano de combate ao crack lançado no último dia 7, pelo Governo Federal, que prevê a internação involuntária. “Fiquei surpreso ao ter conhecimento desse novo plano que, inclusive, é tema de matéria publicado no semanário Cinform. Gostaria de saber como o juiz Manoel da Costa Neto avalia esse plano do Governo Federal”, falou.
Enfático, o magistrado respondeu que não acredita no alcance de resultados positivos com a internação involuntária. “Internação compulsória não tem funcionado. Trabalhamos com drogaditos que querem , e muitos só querem quando já estão no fundo do poço. E em nossa atuação, ele tem que sair do ambiente onde foi fabricado e também tratamos quem o produziu. Por conta disso, sinceramente, não acredito que essa internação contra a sua vontade dê algum resultado”, afirmou.
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