segunda-feira, 2 de agosto de 2010

BRASIL NA LISTA DO PATRIMÔNIO MUNDIAL.

Praça São Francisco, em São Cristóvão (SE), agora é Patrimônio Mundial

A partir de hoje, o Brasil possui 18 bens inscritos na lista de Patrimônio Cultural Mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura – Unesco.

Reunido em Brasília para a sua 34ª Sessão, o Comitê do Patrimônio Mundial aprovou a indicação da delegação brasileira e incluiu na lista a Praça São Francisco, na cidade de São Cristóvão, em Sergipe. O monumento foi o único candidato brasileiro entre os 39 bens que estão sendo avaliados na sessão do Comitê deste ano. Durante a reunião, o presidente do Comitê e ministro da Cultura do Brasil, Juca Ferreira, ressaltou que a inclusão da Praça de São Francisco na lista de Patrimônio Cultural Mundial representa “um reconhecimento à singularidade da formação do acervo cultural brasileiro”.

A decisão também foi comemorada pelo presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – Iphan, Luiz Fernando de Almeida, que defendeu o Valor Excepcional Universal da praça, a melhor representação no Brasil do período da União Ibérica, no Século XVI, quando Portugal e Espanha eram uma só coroa. Para ele, “a Praça de São Francisco é exemplo único daquele momento histórico“, destacando, ainda, o contexto natural exuberante e preservado que confere à Praça uma paisagem construída singular.

O documento apresentado pelo Iphan ao Comitê do Patrimônio Mundial ressaltou que o Conjunto Arquitetônico da Praça, em que está erigido o Convento de São Francisco, é um dos mais expressivos remanescentes entre os que foram edificados pela Ordem Franciscana no Brasil Colônia. Possui uma composição dinâmica própria, em função da monumentalidade do adro, do cruzeiro e da ruptura com a idéia de equilíbrio e simetria comuns a outros conventos franciscanos, sendo que a Praça remete claramente às disposições da Lei IX das Ordenações Filipinas, o que a torna única no processo de ocupação do território brasileiro.

“A Praça São Francisco representa um registro íntegro e autêntico de um fenômeno urbano singular no Brasil, que tem como contexto um período representativo de sua história: a aliança das coroas portuguesa e espanhola sob o domínio dos reinados de Felipe II e Felipe III”, registrou o documento brasileiro.

Com relação à justificativa para a valoração da Praça São Francisco, o documento se apoiou na própria Convenção do Patrimônio Mundial da Unesco,em seus critérios II e IV, ressaltando que o monumento é testemunha de um intercâmbio de valores e também é exemplo representativo de construção que ilustra um período significativo da história humana. Além disso, o documento assinalou que a Praça São Francisco é a prova da fusão das influências das legislações e práticas urbanísticas espanholas e portuguesas na formação de núcleos urbanos coloniais. Desta forma, a autenticidade da Praça São Francisco está explícita em seu desenho, entorno, técnicas, uso, função, contexto histórico e cultural.

História

São Cristóvão, uma das mais antigas cidades do país, foi a primeira capital de Sergipe, fundada em janeiro de 1590, no contexto da Dinastia Filipina em Portugal. Os principais monumentos, localizados na Cidade Alta, são cerca de 10 prédios em torno da praça que abriga também a Igreja e o Convento de São Francisco. A construção teve início em 1693, a partir das doações da comunidade aos franciscanos. Quando a cidade era a capital da Província, o convento abrigou a Assembléia Provincial e o salão da Ordem Terceira era ocupado pela Tesouraria Geral da Província. Já na República, São Cristóvão também aquartelou as tropas do batalhão que combateu os seguidores de Antônio Conselheiro, em Canudos, em 1897.

A cidade foi tombada pelo Iphan em 23 de janeiro de 1967. O Instituto adquiriu e restaurou um dos sobrados da praça onde, atualmente, mantém um escritório técnico e exposições culturais. O Museu de Arte Sacra também fica no complexo histórico e abriga um acervo considerado o terceiro mais importante do país. Existe ainda o Museu de Sergipe, composto por peças que pertenceram às famílias nobres da região.

Fonte: Ministério da Cultura

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