domingo, 15 de agosto de 2010

POPULAÇÃO PODE AJUDAR NO CONTROLE DA LEISHMANIOSE.

Somente entre os meses de janeiro e junho deste ano, o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) da Prefeitura Municipal de Aracaju (PMA) identificou 186 casos de cachorros contaminados pela leishmaniose visceral. Conhecida popularmente como calazar, a leishmaniose é uma doença infecciosa parasitária considerada grave que pode ser transmitida para o homem. No caso dos cães, não existe cura. Portanto, a única saída para erradicar o problema é a eutanásia.

De acordo com o médico veterinário do CCZ, Gilberto França, o maior obstáculo para eliminar os riscos é a falta de consciência dos donos de animais de estimação. "Assim que diagnosticamos a leishmaniose em cães, solicitamos ao dono do animal que o entregue para a eutanásia, pois é uma doença que não tem cura. Além disso, toda a família e a comunidade em geral podem ser prejudicadas", explica o veterinário, ao enfatizar que dos 186 casos identificados apenas 47 puderam ser erradicados através da eutanásia.

Ele afirma que muitas famílias resistem em entregar seu cachorro para o CCZ por achar que podem encontrar um tratamento específico para a doença. "Nós coletamos o sangue nas residências e realizamos o diagnóstico de forma precisa. O que pedimos é que a população colabore, confiando no exame e no trabalho da nossa equipe", diz Gilberto França.

Transmissão

Da mesma forma que os cachorros, as pessoas também estão sujeitas à contaminação, embora a doença não seja contagiosa. Ela não é transmitida através do contato físico, mas pela picada do mosquito transmissor - o febotomíneo, mais conhecido como mosquito palha, tatuquira, asa branca, cangalinha, asa dura, palhinha ou birigui, a depender da região. Por ser muito pequeno - o mosquito mede entre 1 e 3 mm -, é capaz de atravessar até mesmo os mosqueteiros. É a fêmea do mosquito que transmite o parasita causador da leishmaniose.

O veterinário explica que os casos de contaminação nos seres humanos têm cura e tratamento, embora também apresentem perigo "Até o mês de junho deste ano, a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) identificou 18 casos em homens, enquanto durante todo o ano de 2009 o número constatado foi de 17. Em caso de suspeita de contaminação, a pessoa deve procurar uma Unidade de Saúde da Família e buscar o tratamento. A depender do caso, o paciente pode ser levado a tomar medicamentos em algum hospital, mas é importante enfatizar que só existe tratamento e cura para o homem", afirma Gilberto.

Cuidados

Ao ser picado pelo mosquito, o homem ou o cachorro torna-se o reservatório de um parasita que se aloja no aparelho digestivo. A partir de então, a doença se manifesta de diferentes formas. Ela não passa de cachorro para cachorro e os seres humanos podem manter contato sem medo de contágio. Apenas o mosquito febotomíneo, que vive em média por 20 dias, transmite a doença.

"O mosquito pode ser encontrado tanto dentro das residências quanto fora delas. Os maiores focos são os galinheiros, lixeiras, canis, pomares e outros locais sombreados. Então, para evitar a infecção, é preciso que as pessoas limpem bem seus quintais, galinheiros e outros locais semelhantes", orienta o veterinário do CCZ.

Sintomas

Tanto no homem quanto no cachorro, o diagnóstico é feito através da coleta de sangue. No animal, a doença se manifesta através do aumento de volume dos gânglios, ferimentos arroxeados na pele e nas regiões de articulações, nas costas, focinhos e nas orelhas. Emagrecimento e palidez nas mucosas também surgem por conta da doença.

Já no homem, os sintomas aparecem em dois ou três meses, quando ele é acometido por febre, aumento do volume do fígado e baço, emagrecimento, complicações cardíacas, apatia e palidez. Além disso, respiração acelerada, hemorragias e infecções também são indicativos da leishmaniose. Se não for tratado, o paciente pode ser levado à morte.

Bairros

De acordo com Gilberto França, alguns bairros se destacam pela proliferação da leishmaniose, embora atualmente toda a cidade apresente abrigos para o mosquito. "Durante os trabalhos pilotos de identificação, há algum tempo, encontramos muitos focos no Mosqueiro. Mas hoje nenhum bairro escapa da zona de infecção. Para se ter uma idéia, antigamente a leishmaniose era uma doença de caráter rural. Hoje em dia, se manifesta em qualquer metrópole", explica.

Ainda segundo ele, os bairros Santos Dumont, Farolândia, Cidade Nova, Mosqueiro, América, Augusto Franco e Santo Antônio, entre outros, chamam a atenção pelo aumento no número de casos. "Recentemente, constatamos um caso de infecção em uma criança de oito meses, no bairro Santo Antônio. Por isso é importante que as pessoas se mobilizem para nos ajudar na erradicação desse mal, pois as crianças e os idosos acabam sendo as maiores vítimas da infecção", alerta o veterinário.

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