Desembargadores são suspeitos de facilitar a libertação de chefes do tráfico do crime organizado
Tudo começou quando reportagens do Jornal da Band denunciaram a soltura de criminosos presos em flagrantes com grandes quantidades de droga. Agora, um inquérito foi aberto para apurar o direcionamento desses processos no Tribunal de Justiça.
Os primeiros alvos da investigação são o desembargador aposentado Roberto Midolla, um funcionário da justiça e três advogados. Midolla e outros dois desembargadores da nona câmara concederam um habeas corpus ao traficante do PCC Valter Lima Nascimento, o Guinho, detido com mais de quatrocentos quilos de cocaína.
O mesmo pedido já havia sido negado por unanimidade por outra câmara criminal.
“Vamos nos debruçar sobre esse caso para tentar entender como funcionava esse eventual esquema de direcionamento de habeas corpus”, declarou Cássio Conserino, promotor do caso.
Os desembargadores da quinta câmara criminal pretendem representar os integrantes da nona câmara junto à presidência do Tribunal de Justiça de São Paulo para que eles expliquem por que concederam o habeas corpus de maneira ilegal. Pela lei, somente a quinta câmara poderia despachar sobre o caso.
Quem defendia Guinho era o advogado Daniel Bialski que, segundo o desembargador Otávio Henrique de Sousa Lima – outro suspeito de envolvimento no esquema – estava no jantar de despedida do relator do processo, Roberto Midolla.
O advogado, um dos supostos beneficiados pelo esquema, garante que agiu de maneira legal. “Entrei com as medida cabíveis e legais”, declarou. “Em um dos habeas corpus consegui a soltura reconhecendo que os indícios eram frágeis em relação a participação do meu cliente no evento em que ele estava sendo denunciado.”
Procurado, o desembargador Roberto Midolla não quis comentar o assunto.
Fonte: BAND