Fotos: Marco Vieira
O Serviço Móvel de Atendimento de Urgência (Samu 192 Sergipe) recebeu, somente no ano passado, 176.597 chamadas. Desse total, 71.276 foram trotes, o que equivalente a 40%. Para tentar diminuir este índice, o Samu tem desenvolvido uma série de ações para conscientizar a população sobre o uso correto do serviço. Nesta sexta-feira, 30, por exemplo, foi realizada uma blitz educativa no posto Polícia Rodoviária Federal (PRF), km 104 da rodovia BR-101, em São Cristóvão.
Durante a blitz, uma equipe de dez profissionais instruiu os motoristas sobre a importância de acionar corretamente o Samu. “O trote atrapalha muito o funcionamento do nosso trabalho. Nós cobrimos distâncias longas. Às vezes, a ambulância se desloca por 30 quilômetros e depois vê que a chamada não é verdadeira. Isso prejudica as pessoas que precisam do atendimento naquele momento”, explicou o superintendente do Samu, Edvaldo dos Santos.
Diversas ações têm sido feitas em escolas, feiras livres, supermercados. O resultado tem sido a queda no número de trotes. Em abril do ano passado, o número de chamadas foi de 16.846 sendo 59% de ocorrências e os outros 41% de trotes. Até o dia 29 deste mês, já tinham sido registradas 13.384 ligações, sendo 28% de trotes.
A ação também foi intensificada por conta das novas bases descentralizadas que têm sido inauguradas no interior do estado. Ao todo, serão 36 bases descentralizadas até o final deste ano. Dentre algumas das bases já inauguradas estão as localizadas nas cidades de Barra dos Coqueiros, Itabaiana, Areia Branca, Lagarto, Poço Verde, Simão Dias, Estância, Boquim, Itabaianinha, Cristinápolis, Nossa Senhora da Glória e Porto da Folha.
“Cada vez que inauguramos uma base, a população daquele município sabe que o serviço está funcionando e começa a acionar. Então, a tendência é que o número de trote também aumente. Por isso, aproveitamos este momento para fazer esta campanha”, explicou Edvaldo dos Santos.
Importância
Para o funcionário público Antônio José de Moraes, que mora em Rio Real (BA), a blitz é importante para que as pessoas não subutilizem o serviço. Por seus filhos morarem em Aracaju, ele sempre visita a capital sergipana. “No caminho, já vi muito acidente e muita gente do Samu trabalhando. Esse foi um dos melhores programas já criado. Ele atende ao rico e ao pobre da mesma maneira. Não importa se a pessoa tenha ou não plano de saúde. Por isso, a população precisa saber usá-lo”, ressaltou.
O executor de serviços gerais Claudenisson de Jesus, que trafega constantemente pelas estradas em sua moto, também já presenciou muitos acidentes e aprova a iniciativa. “Só quando precisa é que a pessoa sabe da importância do serviço e de não passar trotes”, comentou.
A enfermeira do Samu 192 Sergipe, Rita de Cássia Ribeiro, acredita que com a conscientização das pessoas o trabalho da equipe é facilitado. “O pessoal está elogiando muito a iniciativa. O Samu estadual atende a muitos casos. No momento em que a população se torna consciente, o trabalho pode ser desenvolvido de forma mais eficiente”, opinou.
O inspetor da PRF, Raimundo Meneses, destacou a parceria entre a Polícia Rodoviária e o Samu. “As viaturas são nossas, fruto de uma parceria com o Ministério da Saúde. O pessoal é disponibilizado pelo Samu. Por este posto estar localizado em ponto estratégico, facilita a diminuição do tempo-resposta dado ao paciente”, informou.
Desperdício
Todas as ligações originadas do interior do estado e da Grande Aracaju caem na central de regulação. Desta central, sai a ordem para o deslocamento das viaturas para todo estado de Sergipe – mesmo aquelas que se encontram nas bases descentralizadas. A saída de cada Unidade de Suporte Básico (USB) custa para os cofres públicos cerca de R$ 150. Já a Unidade de Suporte Avançado (USA) pode chegar a R$ 450.
“Esse custo se refere a combustível, insumo, hora dos profissionais. No entanto, o prejuízo maior é da população que realmente precisa do serviço e, às vezes, pode ter o atendimento atrasado por conta dos trotes”, destaca o superintendente do Samu, acrescentando que os números que mais comumente passam trotes são entregues a polícia. A investigação é dificultada porque muitos trotes acontecem através de telefones públicos. “Tivemos casos de um celular fazer 23 ligações de trote em um dia”, lembrou.