A pedido do Ministério Público Federal em Sergipe (MPF/SE), o Centro Nacional de Arqueologia (CNA), órgão ligado ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), produziu um relatório sobre os problemas nas condições de conservação do acervo do Museu Arqueológico de Xingó (MAX). O documento produzido pelo CNA aponta graves problemas que já causaram danos irreversíveis em algumas peças arqueológicas.
O arqueólogo Francisco Pugliese, autor do documento, aponta que foram irregulares os procedimentos arqueológicos utilizados para realizar a exumação dos sepultamentos na área inundada pela Usina Hidroelétrica de Xingó. Ele explica que os métodos utilizados não têm qualquer respaldo científico.
Além disso, o material está há anos armazenado também de maneira inadequada no MAX, que foi concebido para fazer a salvaguarda das peças arqueológicas encontradas na área posteriormente inundada pela hidroelétrica. “O descalabro observado no trato aos sepultamentos humanos irregularmente coletados pelo Projeto Arqueológico Xingó não tem precedentes na arqueologia brasileira”, afirma o relatório.
Irregularidades – O relatório enviado ao MPF/SE demonstra que os procedimentos de exumação dos sepultamentos realizados antes da construção da usina de Xingó não utilizaram uma metodologia arqueológica cientificamente reconhecida.
O documento expõe ainda a maneira inadequada como acervo tem sido armazenado. O material coletado há anos está guardado em local sem controle de umidade e temperatura, muitas peças estão diretamente expostas aos raios solares e a diversos outros fatores biodegradantes. O arqueólogo ainda encontrou sinais de impacto físico nas cápsulas que foram utilizadas supostamente para proteger as ossadas.
O documento afirma também que, para realizar a consolidação dos esqueletos, foi utilizado um tratamento que impossibilita qualquer estudo futuro que dependa da coleta de material orgânico para análise. De acordo com o arqueólogo Francisco Pugliese, “este procedimento não encontra justificativa plausível na literatura científica”.
Ao final, o relatório recomenda que a Universidade Federal de Sergipe (UFS) e a Companhia Hidroelétrica do São Francisco (Chesf), responsáveis pela pesquisa e pela guarda do material resgatado, contratem uma equipe gabaritada para salvaguardar o que ainda resta daquele patrimônio histórico. O arqueólogo sugere ainda que para assegurar a conservação dos esqueletos, sejam tomadas medidas corretivas básicas da situação da reserva técnica, para que então se desenvolvam as atividades de adequação para a preservação e o estudo científico do material.
MAX – O MPF/SE tem acompanhado a situação do MAX desde 2009. O Museu é mantido pela UFS e foi construído para guardar o material oriundo do resgate arquelógico realizado na área inundada pela represa de Xingó, por isso, a Chesf também tem responsabilidade pela sua manutenção.
Fonte: MPF/SE
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