Ontem de ‘Zé Pereira', 5, o mela-mela de farinha e espuma fez a festa dos foliões do bloco ‘Rasgadinho', que desfilou pelas ruas dos bairros Cirurgia, Getúlio Vargas e Centro, atraindo pessoas de todas as idades. No trio elétrico, Rei e Rainha conduziam os súditos. O frevo esquentou ainda mais à tarde de verão. Para aliviar o calor: cerveja gelada ou uma ducha de mangueira.
Se o cabelo da mulata não nega, as perucas coloridas fazem a cabeça dos foliões. Mas pra que cabelo se "é dos carecas que elas gostam mais"? Para muitos, o carnaval é tempo de liberar a fantasia. A metamorfose da ‘Maria Sapatão' tomou conta da avenida: mulheres viraram homem e vice-versa.
Crianças, jovens e velhos "sassaricando" em cortejo à Momo, atraiam moradores às calçadas e janelas. Ao longo do percurso, a multidão só aumentava. Como a canoa nunca vira, ao final do cortejo os foliões se reúnem nas proximidades da Praça da Bandeira, onde diversas atrações dão continuidade à festa, que segue até a terça-feira, 8.
O autônomo Jonas Andrade aproveitou a festa para liberar seu lado feminino. Foi à avenida de passista de frevo, segundo ele, uma homenagem ao Carnaval de Olinda. Para Jonas, que acompanha o bloco desde a retomada, em 2003, já é tradição reunir os amigos e seguir o arrastão. "Não perco nenhum ano. É uma tradição que já vem dos meus pais, que saíam no ‘Rasgadinho' desde quando ele surgiu nos anos 60", recordou.
Para a aposentada Isaura Xavier, pela primeira vez na folia do ‘Rasgadinho, a festa é uma maravilha. "Gostei da música, da animação, não tenho do que reclamar", comentou. Na opinião de Isaura, o que a festa tem de melhor é a tranquilidade: "não tem bagunça, até agora eu não vi nenhuma briga", ressaltou.
É justamente por esse motivo que cada ano que passa o carnaval do ‘Rasgadinho' atrai mais pessoas. Os pais podem levar as crianças, que se divertem com serpentinas, cornetas e confetes. Mônica dos Santos, dona de casa, levou a filha de um ano e meio para participar da folia. "É uma festa muito tranquila, dá para trazer as crianças sem problemas. É sempre uma maravilha, por isso todo ano eu estou aqui", disse.
Consolidação
Surgido em 1962, fruto da iniciativa de Leopoldo dos Santos, o ‘Rasgadinho' saiu às ruas de Aracaju até 1972, quando fez seu último arrastão. Após uma conversa entre amigos, surge a ideia de resgatar o bloco, que ressurge em 2003, atraindo aproximadamente 300 pessoas. Atualmente, a estimativa de público nos dias mais movimentados é de 100 mil pessoas.
Na avaliação de César Viana, um dos organizadores do bloco, hoje não se deve falar mais em resgate do carnaval de Aracaju, pois a festa de Momo já é uma realidade. "O ‘Rasgadinho' representa nosso carnaval. O folião já adotou o bloco. Hoje as pessoas deixam de viajar para aproveitar o a festa aqui na cidade. Para nós é uma grande satisfação ver a alegria das pessoas, nossa expectativa é que cada ano cresça mais", expressou.
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