A Superintendência de Seguros Privados (Susep), órgão vinculado ao Ministério da Fazenda, não vê, em princípio, impacto imediato da tragédia ocorrida no Japão sobre os mercados segurador e ressegurador brasileiros. O diretor técnico da Susep, Alexandre Penner, disse hoje (16) à Agência Brasil que, do mesmo modo, não vislumbra no curto prazo um movimento de recálculo dos riscos pelas seguradoras em todo o mundo.
“Eles vão avaliar o risco e ver se o prêmio que se cobra hoje é suficiente para fazer frente, por exemplo, a um risco nuclear”. Ele explicou que cada sinistro de grandes proporções leva seguradoras e resseguradoras a verificar quais são os efeitos do evento e se existe alguma consequência que não tenha sido levada em conta anteriormente. “Pode haver alguma mudança ou no cálculo ou na precificação do produto. Mas eu diria que ainda é muito cedo para essa conjectura”.
Penner recordou que o terremoto que desencadeou a catástrofe no Japão, registrado na última sexta-feira (11), não foi um evento exclusivo. “Periodicamente ocorre”. A diferença é que a globalização possibilita que se tenha informações de forma mais imediata e com mais detalhes, ponderou. “Como não se trata de algo novo, não há necessidade de revisão urgente dos contratos porque eles, certamente, já estão prevendo grande parte desses desastres”.
De forma geral, a maioria dos contratos de seguros exclui eventos catastróficos ou desastres naturais. Alexandre Penner informou que atualmente, existe uma demanda dos segurados, em termos mundiais, para que se inclua esse tipo de cobertura. “Uma vez que se inclua essa cobertura, definitivamente teria que se fazer um recálculo de preços. Mas não é essa a proposta do seguro”.
Já o economista Keyton Pedreira, especializado na área de seguros e previdência, disse à Agência Brasil não ter dúvidas de que os três eventos que ocorreram no Japão (terremoto, tsunami e acidente em usina nuclear) irão provocar aumento nos preços de todas as coberturas do mundo. “As seguradoras e, principalmente, as resseguradoras começarão a precificar os riscos, considerando eventos como esse que ocorreu no Japão, de catástrofes climáticas múltiplas. Então, há uma tendência forte de aumento nos preços nos seguros em nível mundial”.
Segundo o economista, o aumento teria por meta recompor as perdas que as grandes seguradoras e resseguradoras terão no Japão e, também, precificar para o futuro eventos semelhantes. O aumento dependerá da apuração completa dos danos no Japão. Apesar disso, Pedreira estimou que os aumentos nos preços de seguros em nível mundial poderão ficar, em média, entre 8% e 10%. Advertiu, entretanto, que isso vai depender do país, da região e do risco analisado. “Mesmo as regiões que, em princípio, estariam imunes a essas ocorrências, a exemplo do Brasil, sofrerão algum impacto. Porque as seguradoras pesarão de alguma maneira essa possibilidade pequena nos riscos. E o que hoje é marginal, terá um peso mais significativo nos países onde essas ocorrências são raras ou têm menor probabilidade de ocorrência”, analisou.
Fonte: Agência Brasil (Alana Gandra)
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