O painel internacional sobre a venda de emagrecedores no Brasil, realizado na semana passada, bem como as discussões anteriores sobre o assunto reforçaram a tese de que há falhas na segurança desses medicamentos e de que os riscos superam os benefícios. A avaliação é da técnica da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) Maria Eugênia Cury.
Em entrevista à Agência Brasil, a chefe do Núcleo de Investigação em Vigilância Sanitária explicou que o objetivo do último debate era promover a análise de aspectos técnico-científicos sobre os inibidores de apetite, capazes de sustentar uma decisão por parte da diretoria colegiada da Anvisa.
Segundo ela, ainda não há uma previsão para que a proibição seja ou não anunciada pela agência, mas a área técnica deve concluir um relatório de recomendação nas próximas semanas, realçando os riscos promovidos pelo uso dos medicamentos e, portanto, defendendo a retirada dos produtos do mercado brasileiro.
Sobre o embate em torno da eficácia dos remédios, Maria Eugênia destacou que eles deveriam ser capazes de tratar o problema da obesidade como um todo – e não apenas a perda de peso. Pessoas muito acima do peso, segundo ela, apresentam ou têm propensão a apresentar problemas cardíacos e pressão alta, situações que pode ser fatalmente agravadas por um emagrecedor. As entidades médicas, sobretudo os endocrinologistas, defendem o controle na venda dos medicamentos.
“Para poder controlar, você tem que saber. Eu vou dizer que o médico só pode prescrever para quem? Para qual situação? Essa deve ser a decisão final: qual a melhor forma para a população não ficar desassistida, mas bem protegida”, disse.
Antecipando a decisão da diretoria colegiada da Anvisa, o Conselho Federal de Medicina (CFM) já informou que, caso a proibição da venda dos remédios se confirme, vai recorrer à Justiça. O órgão defende o uso racional dos medicamentos e o estímulo a essa prática por meio de campanhas educativas voltadas para os profissionais de saúde e os pacientes.
“Se não existir consenso com a Anvisa e houver decisão unilateral no sentido de proibir o comércio dos inibidores, o caminho será recorrer à Justiça para garantir o direito de pacientes e de profissionais de uso desses medicamentos”, afirmou o CFM, por meio de nota. O CFM teme que a retirada dos emagrecedores provoque o surgimento de um mercado paralelo das substâncias que compõem os inibidores – a sibutramina, a anfepramona, o femproporex e o mazindol.
Fonte: Agência Brasil (Paula Laboissière)
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