A resolução 384 do Contran (Conselho Nacional do Trânsito) publicada no dia 7 de junho, proíbe a instalação de faróis de xenon em veículos que não saiam da fábrica com este sistema de iluminação. De acordo com o oftalmologista do Instituto Penido Burnier, Leôncio Queiroz Neto, perito em medicina do trânsito e membro da ABRAMET (Associação Brasileira de Medicina do Tráfego), em 2009 o Contran determinou que só podiam circular com faróis de xenon os veículos que saíssem da fábrica com o dispositivo ou que tivessem certificado de inspeção. Para isso, os faróis precisavam ter limpador automático e as lâmpadas se ajustarem de acordo com a inclinação das vias. Uma transformação cara, em torno de 2 mil reais, que se transformou em febre entre os aficionados em carro. Depois da resolução 384, quem não voltar ao modelo original paga uma multa de 127,69 reais e ganha 5 pontos na CNH (Carteira Nacional de Habilitação). E não adianta apelar para outro tipo de alteração na iluminação como, por exemplo, aplicar pintura, adesivo ou película. A resolução 383 do Contran também proíbe este tipo de mudança. Queiroz Neto explica que este tipo de interferência nos faróis pode dispersar a luz e por isso também provoca ofuscamento.
Luz intensa afeta a visão
O médico afirma que não há dúvida de que os faróis de xenon permitem ao motorista enxergar a estrada mais claramente. Isso porque, emitem luminosidade uniforme. O problema destaca, é que produzem três vezes mais brilho. Por isso, provocam fotofobia (aversão à luz). O ofuscamento dos motoristas que dirigem contra chega a causar cegueira momentânea, aumentando o risco de acidentes, ressalta. Mesmo quem tem visão perfeita podem sentir este tipo de dificuldade. A dificuldade de adaptação à luminosidade também tem como causas comuns o astigmatismo (vício de refração que deforma a córnea), catarata (opacificação do cristalino) e olho seco (redução da quantidade ou qualidade de lágrima). Com menor freqüência, diz, a fotofobia também é provocada por alergia, trauma ou cicatriz na córnea, inflamações e infecções. A recomendação do especialista para quem tem o problema é passar por consulta com um oftalmologista. A terapia, observa, varia de acordo com a causa. O médico lembra que dados do Denatran (Departamento Nacional de Trânsito) mostram que o Brasil tem 4,5 milhões de motoristas com mais de 55 anos. A partir dessa idade, destaca, as alterações na fisiologia do olho dificultam ainda mais a adaptação da visão aos diferentes níveis de luminosidade. Motoristas com mais de 60 anos que já foram operados de catarata têm maior dificuldade de dirigir contra o fluxo porque a pupila contrai.
Como proteger os olhos no trânsito
Para Queiroz Neto as resoluções podem diminuir o risco de acidentes, mas os olhos de quem dirige continuam expostos e precisam ser examinados anualmente. No caso de motoristas que têm fotofobia, ele diz que o mais adequado é dirigir durante o dia com óculos escuros. No crepúsculo do entardecer, lentes âmbar são indicadas, inclusive para quem não enxerga bem, porque melhoram a visão de contraste. Já à noite, lentes amarelas reduzem o ofuscamento provocado pelos faróis. No Brasil, ressalta, cerca de 35% dos motoristas precisam usar lentes oftálmicas. A recomendação para quem diariamente permanece exposto ao sol por longos períodos é proteger os olhos do ultravioleta com lentes que filtrem 100% da radiação para evitar as doenças desencadeadas pelo UV.
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