quinta-feira, 10 de março de 2011

PARA AUGUSTO BEZERRA, SE DESO CORRIGISSE DESPERDÍCIO NÃO PRECISARIA DAR REAJUSTE.

Foto:  Janaína Santos

O serviço prestado pela Deso foi tema do pronunciamento feito pelo vice-líder da oposição na Assembleia, deputado Augusto Bezerra (DEM), no grande expediente de hoje, dia 10. O parlamentar iniciou seu discurso falando que por conta da falta de incentivo do governo do Estado, este ano, o Carnaval do município de Pirambu foi uma decepção. “Lá não teve nenhuma atração do governo, nenhum arrastão, em um lugar de praia onde todos os anos se faz um Carnaval decente, mas que este ano foi totalmente desprezado pelo governo”, disse.

Mas, segundo Augusto Bezerra, a situação foi ainda mais grave porque durante os quatro dias de folia momesca a cidade ficou sem água fornecida pela Deso. O deputado lembrou que no período de Carnaval a população da cidade praticamente dobra, com pessoas que alugam casas de veraneio para curtir a festa em Pirambu. “Agora, imagine uma pessoa sair de Aracaju e passar lá quatro dias sem tomar banho direito, sem água para preparar a alimentaçao ou lavar roupa? Pois a água só chegava por volta da 1 hora ou 2 horas da madrugada”, revelou.

Augusto Bezerra disse que trouxe o caso de Pirambu à tribuna porque ele já tinha feito pronuncimento falando sobre a perda que a Deso tem em média de 58% da captação ao que chega às torneiras. “E a população paga os 100%. Em Nossa Senhora do Socorro, quem diz são os técnicos, a perda chega a 63% e apenas 37% da água captada é que tem que atender toda população. No entanto, no dia 1ª de março teve aumento de 5,2% na tarifa”, afirmou. De acordo com o deputado, o que falta à empresa é gerenciamento. Ele citou o artigo publicado por um professor da Universidade Federal de Sergipe, publicado no jornal Cinform, que mostra que precisa haver um direcionamento na empresa.

O parlamentar ressaltou que a Deso tem ótimos técnicos, talvez os melhores do país no que se refere a saneamento e abastecimento, mas que estão encostados porque são do governo passado. “Estão levando a Deso à falencia. Hoje ela é a pior empresa pública do Estado, que presta o pior serviço à população”, classificou.

Conta alta

Em seu pronunciamento, o deputado Augusto Bezerra falou ainda sobre o caso de uma aposentada, que mora em Aracaju, na rua Simão Dias. Segundo o deputado, a senhora sempre pagou a conta com valores em torno de R$ 60, a exemplo do mês de novembro, quando recebeu uma conta de R$ 60,58, sendo R$ 26 de taxa de esgoto. Em janeiro, a conta foi de R$ 56, em fevereiro R$ 60,24, mas agora no mês de março a conta dela cobrando R$ 161 de água. “Estou dando um exemplo, pois o valor que pode parecer pouco para alguns para ela está custando a vida, pois ela perdeu a saúde”, disse.

Segundo o deputado, a Deso precisa de um setor de Assistência Social que ajude essas pessoas e não que quando o usuário for lá apenas ouça como proposta o parcelamento da conta. “Porque vai dividir o que não usou”, questionou. Augusto Bezerra disse que não entende como é que a Deso tem coragem de, prestando um serviço como o seu, ainda aumentar a tarifa, mesmo sabendo que mais da metade da água que é captada é jogada fora.

Apartes

O deputado estadual Zezinho Guimarães (PMDB) aparteou o pronunciamento do democrata e se somou a ele, demonstrando sua indignação com o que ocorre com a Deso. Segundo o parlamentar, é um disparte o diretor dizer que o alto índice de perda é o mais dramático dos problemas da empresa. Ele disse que o município de Itabaianinha tem uma população de 45 mil habitantes e metade da empresa é abastecida pela Deso e a outra por carro pipa. O deputado disse que a promessa foi que em 2010 teria água na cidade e não existe nem projeto.

Zezinho disse que se for corrigido um pequeno percentual de perda que há atualmente da captação ao fornecimento não seria preciso dar aumento. “Era só buscar um mínimo de eficiência”, disse. O deputado peemedebista acrescentou que hoje a população de classe média não bebe água da Deso, porque não confia. Zezinho Guimarães disse que o governador está correto em colocar um verdadeiro executivo para dirigir a empresa. “Tomara que ele acerte na indicação e faça realmente daquela empresa, no mínimo, eficiente, para não penalizar o consumidor de Sergipe e o povo pobre”, acrescentou.

O deputado aproveitou para fazer uma sugestão ao governo que, aproveitando a reforma administrativa, que crie um instituto ou uma gerência para estudar a água subterrânea em Sergipe, o que ainda não acontece no Estado. Isso porque boa parte da água que grande parte da população sergipana bebe vem de aquíferos.

Também aparteou o pronunciamento o deputado José Franco (PDT), que ressaltou que a Deso é uma grande empresa, que tem condições de viver sozinha, sem dinheiro do tesouro do Estado, mas que precisa de administração. “O que a Deso precisa é eficiência”. O deputado disse que o atual presidente da empresa está demissionário desde o mês de dezembro. E é preciso admitir urgentemente um presidente que trabalhe, que não renuncie receitas, que cumpra suas obrigações. Não tenho nada contra o atual, mas tem alguma coisa de erradas e o governador não pode sofrer isso. Por isso tem que ser feita alguma coisa muito rápido”, disse.

O líder da oposição, deputado estadual Venâncio Fonseca (PP), lembrou que o município do deputado José Franco, Nossa Senhora do Socorro é o que tem mais sofre com as perdas de água. “Se a Deso conseguisse amenizar só o despedício de Socorro não precisaria mais desse aumento”, disse.

Augusto Bezerra concluiu seu pronunciamento convidando a imprensa a visitar o conjunto Manuel do Prado Franco, em Laranjeiras, que desde 2006 ficou prometido e ajustado que deveria haver abastecimento de água desde 2007 e até hoje a população precisa carregar água em baldes. “Passaram quatro anos do governo Marcelo Déda, estamos entrando no quinto e mesmo com o ajuste as pessoas continuam sofrendo sem água”, disse.

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