quarta-feira, 26 de maio de 2010

HUSE PREPARA ESTRUTURA PARA ATENDIMENTO ÀS VÍTIMAS DE QUEIMADURAS.

Foto: Marcos Vieira

Unidade dispõe de equipamentos de alta tecnologia e conta com 14 leitos, dos quais quatro para crianças e dez para adultos

Braços e pernas cobertos por ataduras. Com 40% do corpo queimado, o carregador José Ilson, de 39 anos, se recupera de um grave acidente. Ele descarregava um caminhão com fogos de artifício, no município de São Cristóvão, quando o tonel escapou das mãos e explodiu. “O susto foi muito grande. Acabei sendo vítima da falta de orientação, pois não sabia exatamente como manusear esse tipo de mercadoria”, revelou o paciente.

Somente em junho de 2007, o Hospital de Urgência de Sergipe (Huse) atendeu a 100 pacientes queimados, dos quais 41 por fogos e os demais por líquidos superaquecidos, alimentos quentes, substâncias inflamáveis, além de uma queimadura solar. No mesmo período de 2008, foram registrados 85 atendimentos, sendo 25 queimaduras causadas por fogos. Os números corresponderam a uma redução de 15%.

Ano passado, durante o mês junino, foram registrados no hospital cerca de 300 atendimentos a pacientes vítimas de queimaduras, sendo pouco mais de dez por fogos de artifício. As demais queimaduras foram causadas por líquidos superaquecidos, alimentos quentes e substâncias inflamáveis, como tinner. Essa queda considerável deve-se às campanhas de conscientização realizadas pela Secretaria de Estado da Saúde (SES).

Estratégias

Os primeiros socorros são essenciais para que o tratamento a uma vítima de queimadura seja rápido e não deixe sequelas. Por isso, o diferencial das ações este ano será a orientação dos profissionais de saúde que atuam na capital e no interior.

"Existe uma cultura errônea de se colocar sobre a área queimada leite, manteiga, óleo de comida, cebola ou clara de ovo. Isso só faz agravar a lesão. O ideal é lavar o local com água corrente, usar um pano limpo e encaminhar a vitima para uma unidade de saúde mais próxima, para que os procedimentos sejam adequados", explicou o cirurgião plástico Bruno Sintra.

Além do trabalho educativo, o Huse vai repetir o modelo exitoso adotado desde 2008, com a criação de um espaço exclusivo na área verde do pronto socorro (PS). A estratégia vai garantir assistência imediata às vítimas a partir do próximo dia 15. O local poderá acolher até quatro pacientes ao mesmo tempo, com equipe especializada de plantão 24 horas.

"Neste ambiente, os profissionais vão atender as lesões menores, aqueles em que o paciente pode retornar para casa no mesmo dia. Apenas os casos mais graves serão encaminhados à UTQ. Essa medida não só vai agilizar a demanda, como vai melhorar o fluxo no hospital", afirmou o superintendente do Huse, Francisco Claro.

Vítimas

Uma das causas graves das ocorrências que chegam ao Huse são as queimaduras oriundas do preparo de alimentos. Ao cozinhar, devem-se manter os pequenos afastados do local onde há risco iminente. Com a tradição de levar ao fogo comidas típicas da época que estão em evidência, a preocupação dos especialistas aumenta ainda mais.

Mesmo ciente que cabos de panelas precisam estar sempre virados para o lado de dentro, Maria José Calazans, moradora do município de Aquidabã, cometeu um descuido e acabou penalizando o filho de apenas quatro anos. Depois de esquentar o feijão, a dona de casa deixou a panela esfriar em cima da mesa. “Ele ia para escola e estava com fome. Só vi quando o caldo já escorria por cima da cabeça dele”, desabafou.

Segundo a gerente da UTQ, Rita Cristina Costa, a unidade dispõe de equipamentos de alta tecnologia e conta com 14 leitos, dos quais quatro para crianças e dez para adultos. "Nossa estrutura garante uma boa resolutividade no tratamento. Associado a isso, temos uma equipe formada por seis enfermeiros, nove cirurgiões plásticos e 28 auxiliares de enfermagem, que se doam ao máximo no salvamento das vidas,” pontuou.

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