O deputado Gilson Andrade (PTC), presidente da Comissão de Saúde da Assembleia, usou a tribuna da Casa, na sessão desta terça-feira, dia 25, para mais uma vez lamentar a situação que vive a saúde pública em Sergipe. Ele citou como exemplo de uma criança, de apenas quatro anos de idade, que mesmo com um quadro de apendicite diagnosticado e já no Hospital de Urgência de Sergipe (Huse), em Aracaju, passou mais de 24 horas sem se alimentar e sem passar pelo procedimento cirúrgico.
Em sua fala, o deputado relatou toda trajetória do garoto, que inicialmente procurou atendimento no Hospital Dr. Jessé Fontes, em Estância na quarta-feira e depois de algumas idas e vindas foi feito diagnóstico de apendicite e como no Hospital Regional não faz cirurgia o garoto foi encaminhado para o Huse. “Essa criança passou a sexta à tarde sem se alimentar e ao chegar a Aracaju às 19 horas de sexta ficou o restante da noite e todo sábado sem se alimentar, sendo operada por volta das 21 horas do sábado, mesmo com diagnóstico dado e confirmado, todos sabendo da necessidade do procedimento cirúrgico ser realizado”, relatou.
Gilson Andrade disse que sabia que isso aconteceu não porque a equipe médica foi negligente, que sabia da urgência do caso. “Mas os que lá estavam de plantão não tiveram a condição necessária de fazer o procedimento assim que aquela criança deu entrada”, disse. Segundo ele, quando a criança era encaminhada ao centro cirúrgico, chegava um paciente mais grave e ela, filha do seu motorista, era retirada. “Estou relatando isso para que Sergipe possa perceber como está sendo tratada a saúde em Sergipe”, declarou.
Durante seu discurso, o deputado Gilson Andrade entrou em outro assunto referente à saúde. Ele disse que não acreditava no cansaço da promotora de Justiça Euza Missano como motivo para sua saída da Promotoria. “Ela foi afastada da Curadoria por forças poderosas e ocultas desse Estado que não aceitaram a sua determinação, sua luta em defesa de quase 90% da população desse Estado que depende exclusivamente do SUS e quando ela solicita a intervenção federal da saúde em Sergipe obviamente que ofendeu alguns poderosos em nosso Estado e eles pediram a sua saída”, afirmou, acrescentando que, infelizmente ele ouvia da promotora Euza Missano que ela iria sair e vai para a Curadoria do Consumidor. Para Gilson Andrade, independente de quem vá ocupar o lugar dela, o substituto não terá o mesmo compromisso, sensibilidade e coragem de lutar pela saúde de todos nós sergipanos.
Apartes
Ao falar sobre o sofrimento desse pequeno paciente, o deputado Antônio dos Santos (PSC), em aparte, falou que é testemunha do empenho e da luta dos profissionais do Huse para ajudar, mas é impossível naquela restrição de espaço atender a demanda que entra no hospital. Ele disse que por conta dessa situação muitos profissionais adoecem porque não têm condições de atender todos os pacientes e alguns pedem para sair do hospital.
A deputada Conceição Vieira (PT) também aparteou e disse que essa situação delicada na saúde é uma questão não só em Sergipe como no Brasil inteiro. Ela disse que embora tenha sido mudado modelo de assistência plena no país, ainda há alguns limites para o atendimento e o principal é o financeiro. Sobre a saída da promotora Euza Missano, ela disse que a promotora é originária da Promotoria do Consumidor e foi cedida à Saúde. “O seu lugar originário era o consumidor e ela me disse que está cansada, mas os limites são mesmo estruturais. Ela disse que está cansada por estar tanto tempo na saúde e a área originária é o Consumidor”, explicou. Em sua fala, a deputada disse que seria interessante que se conhecesse quem são as forças poderosas e ocultas que estariam por trás da saída da promotora.
Também em aparte, o deputado Gilmar Carvalho (SDD) falou sobre esse questionamento da deputada Conceição. Ele disse que tinha uma dificuldade de manter o compromisso que assumiu de não dizer que ela foi pressionada. Ele leu uma nota publicada no jornal Cinform sobre um possível episódio de que o governo teria “pedido a cabeça” da promotora, o que não teria sido acatado, por não entender como ético e muito menos democrático. Segundo ela, o governador não teria se conformado e procurou a oposição do Ministério Público, da qual a promotora faria parte, liderada pelo promotor Djaniro Jonas, e impôs uma condição. Essa condição seria a eleição para procurador geral do MP que acontece em outubro e, em Djaniro estando na lista tríplice, ele seria nomeado procurador-geral, se a promotora saísse da Promotoria da Saúde.
A deputada Conceição novamente se posicionou e disse dessa forma como havia sido noticiado fica parecendo que o Ministério Público daqui é comprado. “A imprensa dizer é uma coisa. A Assembleia dizer é outra coisa. Está respaldando que uma parte do Ministério Público é comprada”, questionou. Já o deputado Gilmar deixou claro que não falava pela Casa, mas respaldava o que Jozailto escreveu.
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