As constantes manifestações de ruas registradas Brasil afora nas últimas semanas têm sido acompanhadas atentamente pelo deputado estadual Francisco Gualberto (PT), um político com formação nos movimentos sociais e mobilizações de rua desde a década de 1980. Segundo o deputado, apesar de todas as criticas que vêm sendo feitas à classe política, ele não acredita que os manifestantes sejam contrários à participação de políticos que sempre estiveram defendendo as causas da sociedade e dos trabalhadores no Brasil.
“Não é possível haver democracia sem instituições como os partidos políticos. Os partidos representam a principal veia das manifestações populares. São diretamente envolvidos nas manifestações. Tanto nos erros quanto nos acertos”, disse Gualberto. “O movimento das ruas requer resultados lógicos, sem enganação. Quer que medidas concretas sejam tomadas rumo aos seus objetivos. Declaro total apoio às manifestações, exceto as infiltrações, sejam através dos vândalos ou dos aproveitadores”, confirmou o petista.
Mesmo defendendo as mobilizações populares, Francisco Gualberto repreende com veemência o oportunismo demonstrado por alguns setores de direita no País. “A direita está tentando se aproveitar da energia da juventude e quer empurrar suas pautas que representam um Brasil velho”, critica o deputado, revelando que na manifestação do dia 25 de junho em Aracaju chegou a acompanhar parte do percurso e em momento algum foi hostilizado pelos participantes.
“Se eu quiser participar, eu participarei. Estou vendo lá gente de extrema direita que me atacava quando eu estava nas ruas defendendo os trabalhadores. Por que então eu não poderia participar das manifestações agora?”, questiona Gualberto. “A pauta da juventude é justa. Principalmente quando há a exigência de uma saúde pública de qualidade, educação, segurança e até da reforma política. Mas é preciso perceber que será necessário também haver a reforma do caráter de certas pessoas que fazem política”.
Com esse ponto de vista, Francisco Gualberto critica também a corrupção eleitoral que existe no país a cada eleição, tanto por parte daqueles acostumados a comprar votos, quanto pelos que vendem o seu voto e depois falam mal dos políticos. “A juventude que hoje cobra nas ruas tem que tomar cuidado para não ser contraditória. Precisa saber combater esse tipo de corrupção”, alerta o parlamentar.
Para ele, os setores mais organizados querem de fato as mudanças, mas outros querem apenas tumultuar o momento vivido pelo Brasil. “Existem setores da classe média insatisfeitos com o sistema de cotas sociais nas universidades públicas; como também com a ascensão de uma nova classe média com acesso aos bens de consumo. Esse pessoal não está querendo mudanças, não admite perder seus privilégios e ter que dividir com a população uma série de conquistas”.
O deputado Gualberto também esclareceu que politicamente não concorda com o governo federal do PT em sua prática de desoneração nos preços de produtos da cesta básica e outros itens. “O Estado abre mão da arrecadação, mas o setor privado recebe os incentivos e dobra os seus lucros. Isso não está correto. Até porque eles próprios (os empresários) alimentam na sociedade a ideia de inflação”, analisa o petista.
Segundo ele, a isenção do IPI, por exemplo, não barateou como deveria o preço dos carros populares no Brasil. Pelo contrário, pois gerou mais lucros para as montadoras e prejudicou Estados e Municípios. “Por isso não concordo com essa política. Para mim, defender o final de pagamento de impostos é hipocrisia. Sem a arrecadação, o Estado não terá como atender as demandas da juventude no que diz respeito aos investimentos em educação, saúde, segurança e mobilidade urbana”, sustenta Francisco Gualberto.
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