terça-feira, 21 de setembro de 2010

GRANDE CAMINHADA ABRE SEMANA DA ACESSIBILIDADE.

Na manhã desta terça-feira, 21, a Caminhada da Superação deu início à 4ª Semana da Acessibilidade, realizada pelo Conselho Municipal de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência e pelo Instituto GBarbosa, com apoio da Prefeitura de Aracaju. A programação do evento acontece até a próxima sexta com ciclo de palestras, seminários, exposições e trabalhos em grupo.

Ainda hoje, a partir das 18h30, no auditório do Tribunal de Justiça, acontece a cerimônia de entrega do troféu Pipiri, após apresentação do coral Canarinhos e pronunciamento de autoridades. No decorrer da semana, serão discutidos temas como tecnologias assistivas, qualificação profissional, sexualidade, entre outras questões.

Para encerrar a programação, os participantes irão aderir a atividades esportivas voltadas às pessoas com deficiência, como golbool (futebol de quadra para quem tem deficiência visual), futebol de salão e basquete de cadeira de rodas.

A professora Jaqueline Fabiana dos Santos, que seguiu a caminhada da praça da Bandeira até a Olímpio Campos, considera que a participação popular é de fundamental importância para a conscientização da sociedade. Integrante do corpo docente da Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), Jaqueline foi para a avenida acompanhando seu aluno de 8 anos, Wendel Silva. "Viemos para conscientizar as pessoas, pois muitos acham que quem é doente é inútil, mas não. Como cada um de nós, ele tem suas limitações', disse a professora.

Acessibilidade

O deficiente visual Jocivaldo Silva de Jesus, 40 anos, foi para a caminhada com uma missão diferente: treinar seu novo cão guia. Neste mês essa é a segunda vez (a primeira foi durante o desfile de 7 de Setembro) que ele caminha pela avenida Desembargador Maynard para treinar Brasa, cachorro do Corpo de Bombeiros que o está auxiliando.

A meta é que, em janeiro do próximo ano, Jocivaldo possa largar a bengala para andar com o seu próprio cachorro que, por enquanto, fica em casa. Sua deficiência visual foi adquirida aos 3 anos de idade, após ele ter tido complicações na saúde por causa do sarampo. "Eu faço essas coisas para que os cegos que venham atrás já encontrem a cancela aberta", afirma Jocivaldo, se referindo ao treinamento do cão guia.

A estudante Verônica Souza de Araújo, 32, já está acostumada a se locomover na cidade, apesar das dificuldades. "Tenho deficiência desde que nasci e me acostumei com todo mundo desde pequena", diz Verônica, que também faz natação.

Para o vice-presidente do Conselho Municipal de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Everton de Jesus Vieira, 38 anos, algumas coisas precisam melhorar para garantir a acessibilidade, principalmente a parte arquitetônica. "Trabalho voluntariamente no conselho municipal, e hoje sei que tenho todos os direitos das pessoas que se dizem normais", afirma Everton, que desde os 12 anos se locomove em cadeira de rodas.

Já para o vice-presidente do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Carlos Almeida, 29 anos, o comportamento das pessoas na rua também influenciam no seu dia-a-dia. "Quero que o pessoal respeite a gente mais um pouco para melhorar nossa vida porque está sendo muito difícil, principalmente no transporte coletivo", pede Carlos.

Transporte

De acordo com o presidente do Conselho Estadual, Niceu Dantas, apenas 150 ônibus têm elevadores para entrada de cadeirantes. "A meta é que, até 2014, toda a frota esteja equipada para atender às pessoas com deficiência. Estou nessa luta dia-a-dia. As leis nós temos, mas precisam somente ser cumpridas. O que falta é a consciência da sociedade e os respeito às diferenças", afirma Niceu.

Além disso, o conselho conseguiu, junto a uma empresa de telefonia móvel, 75 aparelhos adaptados ao deficiente auditivo instalados em locais da cidade de Aracaju, e agora quer expandir para cidades do interior do Estado.

O coordenador do Instituto GBarbosa, Fábio Oliveira, que também participou da caminha, já observa avanços em algumas áreas, principalmente em relação à capacitação e ao mercado de trabalho. "A semana é importante porque traz para discussão as questões relacionadas às pessoas com deficiências. Pessoas que estão buscando sua inclusão no mundo dos direitos. Direito ao trabalho, à educação e à saúde", acredita Fábio.

Além de patrocinar integralmente a Semana da Acessibilidade, o instituo tem um projeto chamado 'Despertar e Aprender', que capacita 100 pessoas com deficiência para inserção no mercado de trabalho. Lá ingressam cidadãos com deficiência auditiva, visual leve e motora, que aprendem sobre a área de varejo.

Cidadania

De acordo com Fábio Oliveira, 95% deles estão no mercado de trabalho, tanto nos supermercados Gbarbosa quanto em outras empresas. Outro dado importante é que alguns deles vêm conseguindo a recolocação profissional, ou seja, saíram de um emprego e foram recontratados em outro com cargo acima do anterior.

A presidente do Conselho Municipal, Gorette Medeiros, acredita que a Semana da Acessibilidade estimula a participação das pessoas. "É preciso ter o mínimo de respeito por esses cidadãos. Nossa meta é conscientizar empresários, sociedade civil e poder público, ainda mais hoje quando tanto se fala em diretos humanos. Já avançamos, mas precisamos mais ainda", incentiva Gorette.

Apoiando a causa desde o começo, a secretária de Assistência Social do Município, Rosária Rabelo, também participou do evento. "A Semasc tem se somado ao conselho em prol da cidadania porque é necessário que façamos inclusão social, além de tornar a cidade de Aracaju inclusiva", disse Rosária.

Ainda de acordo com a secretária, a Empresa Municipal de Obras e Urbanização (Emurb) tem trabalhado para que obras públicas e privadas permitam a acessibilidade dos portadores de deficiência. Todas as praças, escolas e obras construídas pela Prefeitura de Aracaju contam rampas, pisos táteis e demais mecanismos de acessibilidade.

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