Em greve desde o dia 26 de julho, os professores da rede municipal de Estância já tentaram várias formas para abrir o canal de negociação e começar a dialogar para superar os graves problemas vividos pela categoria, mas até aqui, sem sucesso.
O SINTESE já recorreu ao Ministério Público onde a audiência não avançou porque Ivan Leite além de não comparecer mandou sua assessoria informar que não queria negociar nada.
Em seguida uma comissão de professores recorreu ao Bispo Dom Marcos Eugênio e ao Padre Ribeiro, que tentaram uma reunião com o prefeito, mas até aqui também não conseguiram.
Mesmo sem ter conseguido falar com Ivan Leite para aconselhá-lo, os religiosos deixaram os educadores felizes pela receptividade e preocupação com que encararam o problema da falta de diálogo por parte do Poder Executivo. Dom Marcos encerrou a reunião dizendo que não iria desistir da audiência com o prefeito, mas que não poderia garantir resolver o problema.
“Imaginem, se Ivan Leite não ouve o Ministério Público e nem o Bispo, a quem ele vai querer ouvir? Ivan acha que é a própria lei, pois, mesmo antes do Tribunal de Justiça julgar o pedido de ilegalidade da greve, ele já cortou os salários dos professores este mês”, disse Markilina Santos, da coordenação da sub-sede do Sul do SINTESE.
Na avaliação do sindicato a administração de Ivan Leite está cheia de contradições. Em 2005 com a argumentação de contenção de despesas reduziu salários de professores, serventes, garis, vigilantes etc., mas manteve o dele (R$ 15.260,00) e o do secretariado intactos.
A ida dos pais dos alunos ao Ministério Público para denunciar as péssimas condições das escolas vai de encontro ao que prega a administração, que diz em suas peças publicitárias que “prioriza a Educação”. “Os pais nos procuraram e disseram que se a situação estrutural dos estabelecimentos de ensino continuar como está eles não mandarão os filhos para escola”, disse Ivonia Ferreira, coordenadora geral da sub-sede Sul do SINTESE.
Receita alta, mas salários baixos
Estância tem a maior arrecadação do Fundeb – Fundo de Manutenção e Desenvolvimento e Valorização dos Profissionais da Educação, da região e a terceira de todo o Estado, mas paga salários inferiores aos das cidades de Santa Luzia do Itanhi, Indiaroba, Umbaúba, Tomar do Geru, Cristinápolis, Arauá, entre outras que têm um volume muito menor de recursos.
“Para se ter uma idéia do disparate o município de Estância obteve uma receita só de FUNDEB - para pagar os professores – entre agosto de 2009 a julho de 2010, de R$ 23.121.711,48, enquanto que a cidade de Arauá no mesmo período teve uma receita de R$ 4.611.244,37”, explicou Markilina.
A prova da contradição, Estância paga a um professor de nível superior com 200 horas um salário de R$ 1.207,26 e Arauá paga R$ 1.306,25.
Desrespeito ao direito de protestar
Ao invés de buscar uma solução através do diálogo, a administração municipal de Estância prefere recorrer aos ataques.
Recentemente a Chefe de Gabinete, Adriana Oliveira mandou espalhar pela cidade uma carta onde chamava os educadores em termos ofensivos, num total desrespeito ao direito constitucional de discordar da forma como um administrador conduz a política educacional. No texto da carta os professores foram chamados de “mentirosos, sem ética, sem formação, sem profissionalismo, irritantes, hipócritas, opressores, infelizes, medíocres, aterrorizantes”.
Outro ataque veio do secretário de Cultura, Luis Carlos dos Santos (Dussantus) que em uma emissora de rádio local chamou os professores de bando de cachorros loucos. Com essas atitudes a administração municipal de Ivan Leite em Estância demonstra a sua verdadeira faceta autoritária.
“Mesmo com os salários cortados (mais uma vez), os professores de Estância continuam a greve e dão exemplo a Sergipe de como resistir em nome da dignidade e da construção de uma nova escola pública”, finaliza Ivônia.
Fonte: Sintese
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