domingo, 12 de setembro de 2010

PREFEITURA DE ARACAJU ADIA CAMPANHA DE VACINAÇÃO DE CÃES E GATOS.

A Prefeitura Municipal de Aracaju (PMA) decidiu adiar a campanha de vacinação antirrábica, que seria realizada no período de 22 a 27 deste mês. Apesar de o Ministério da Saúde ter mantido o calendário vacinal em todo o país, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) optou pelo adiamento para não comprometer a imunização de cães e gatos na capital sergipana. A nova data da campanha ainda não está definida.

"Em Aracaju, as informações sobre reações adversas à dose em alguns animas no sul do país geraram intranquilidade entre proprietários de cães e gatos, o que poderia ocasionar a não adesão à campanha e uma possível redução da cobertura vacinal", explica a coordenadora do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), Yara Vasconcelos Couto.

Segundo ela, todas as explicações referentes ao adiamento estão detalhadas na nota técnica divulgada pela equipe do Centro de Controle de Zoonoses. A nota afirma ainda que Aracaju mantém o controle do vírus da raiva e que na capital sergipana não há registros de casos da doença em humanos.

Pesquisa

Para aproveitar a estrutura montada para a campanha de vacinação antirrábica, a Secretaria Municipal de Saúde, por meio do CCZ, realizará uma pesquisa por amostragem de tipologia contra raiva. O objetivo é verificar o grau de imunidade da população de cães e gatos em Aracaju.

Os pesquisadores vão colher amostras sanguíneas de cerca de mil animais para verificar eventuais riscos que cães e gatos podem correr ao serem vacinados. "Vamos avaliar o grau de proteção da população canina. Acreditamos que essa pesquisa irá nos munir de importantes informações que orientarão nossas ações no Programa de Controle da Raiva", diz Yara Couto.

Reações

Em algumas cidades do país, a imunização de cães e gatos contra a raiva já ocorreu, a exemplo de São Paulo e Rio de Janeiro. De acordo com o Ministério da Saúde (MS), as doses não oferecem risco aos animais e não há motivo para preocupações. Até o dia 20 de agosto, conforme nota técnica divulgada pelo MS, foi registrada a ocorrência de nove eventos graves (sendo oito óbitos) num universo de 309.031 animais vacinados, o que corresponde a uma taxa de 0,0029%. Os casos de reação aconteceram na região metropolitana do Rio de Janeiro e nas cidades de São Paulo e Guarulhos (SP). Em outros seis estados que receberam o mesmo lote da vacina não houve relatos de eventos graves.

A taxa de reação (0,0029%) está abaixo da esperada, que é de 0,01%. Além disso, as ocorrências podem estar associadas a respostas individuais de cada animal à vacina (doenças concomitantes, hipersensibilidade aos componentes, idade, etc.). Por esse motivo, o Ministério da Saúde manteve a campanha nacional de vacinação antirrábica e continua orientando os donos a vacinar seus animais. A dose distribuída nacionalmente é de um tipo recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e utilizado em vários países.

Ainda segundo o MS, o laboratório que produz a vacina tem registro e licença no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. "É comum haver alguns tipos de reações adversas após a vacinação. Toda vacina pode provocar uma reação. Isso acontece porque a vacina nada mais é do que o vírus enfraquecido. Assim, o corpo recebe uma carga viral para produzir a defesa contra aquele vírus, que antes de ser destruído pode causar algumas reações", explica a coordenadora do CCZ.


Confira a nota técnica do Centro de Controle de Zoonoses:

Considerando que a não vacinação de animais contra a raiva representa um risco para a vida da população, pois pode gerar a ocorrência de casos humanos, que possuem taxa de letalidade próxima a 100% (NT n 28/2010 - COVEV/CGDT/DEVEP/SVS/MS).

Considerando que o uso de qualquer agente biológico poderá causar eventos adversos, ainda que em sua absoluta maioria de leve intensidade (NT n 25/2010 - COVEV/CGDT/DEVEP/SVS/MS).

Considerando que eventuais orientações de suspensão do uso da vacina anti-rábica canina, sem a devida evidência científica, são irresponsáveis, na medida em que podem gerar a ocorrência de casos humanos (NT n 25/2010 - COVEV/CGDT/DEVEP/SVS/MS).

Indicamos o ADIAMENTO da Campanha de Vacinação Antirrábica com base em evidencias epidemiológicas que apontam o controle do vírus da raiva. A Vigilância Epidemiológica da Prefeitura de Aracaju no período de 1 de janeiro de 2009 a 10 de setembro de 2010 não detectou laboratorialmente nenhum caso canino em 174 (cento e setenta e quatro) animais analisados e na realização de campanhas semestrais entre os anos de 2005 a 2008 e uma campanha anual no ano de 2009, sugerindo que o nível de anticorpos vacinais na população trabalhada seja suficiente para manter o vírus sob controle.

Apesar dessa hipótese advinda das evidencias epidemiológicas, a equipe do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) realizará uma pesquisa dos títulos vacinais, por amostragem, para avaliar o grau de proteção da população canina, durante a próxima campanha. Acreditamos que esta pesquisa irá nos munir de importantes informações que orientarão nossas ações no Programa de Controle da Raiva.

Também foi levada em consideração para o adiamento da campanha de vacinação antirrábica a possibilidade de não adesão pela comunidade proprietária de cães e gatos devido a notícias veiculadas, que levaram intranquilidade, com relação a possíveis reações adversas graves de cães e gatos vacinados.

Corpo Técnico do Centro de Controle de Zoonoses

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