Cocaína apreendida na América do Sul cresce 30% e atinge recorde
Relatório mundial sobre drogas do escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes (UNODC) divulgado aponta que as apreensões de cocaína na América do Sul alcançaram níveis recordes em 2008 (ano dos dados mais recentes da instituição). No total, 418 toneladas da droga foram apreendidas, um terço a mais do que no ano anterior, quando foram apreendidas 322 toneladas.
No Brasil, houve um aumento de 21% das apreensões no período. A Colômbia continua sendo o maior produtor mundial de cocaína (embora a área plantada tenha diminuído, uma vez que o país otimizou sua produção). Ainda de acordo com o relatório, o aumento das apreensões, combinada com a demanda no mercado, causou o aumento da importância dos países de trânsito, como o Brasil e os países da África Ocidental.
A UNODC traçou a rota da distribuição das drogas produzidas na América do Sul. Uma das principais é a seguinte: os carregamentos de entorpecentes são enviados em pequenas aeronaves, que partem da Venezuela para o Brasil e para países da África Ocidental.
Apesar de funcionarem principalmente como "país de trânsito", Brasil e Argentina são os maiores mercados consumidores de cocaína na América do Sul, em termos absolutos, com 900 mil usuários brasileiros e 600 mil argentinos. Os "países de trânsito" atuam como uma ponte dos produtores para o mercado consumidor na América do Norte e Europa.
"O Brasil está numa posição única do mundo: faz fronteira com os três maiores produtores de cocaína do mundo [Colômbia, Peru e Bolívia] e o segundo maior produtor de maconha do hemisfério que é o Paraguai”, afirma o secretário nacional de políticas sobre drogas, General Paulo Roberto Uchoa.
Além disso, Uchoa diz que o extenso litoral brasileiro facilita que a cocaína atravesse o país a leve a droga para a Europa, passando pela África.
O relatório da ONU destaca ainda que a maior parte do lucro da comercialização da cocaína fica com os traficantes europeus.
A área global de cultivo de coca diminuiu 5% no ano passado, passando de 167.600 hectares em 2008 para 158.800 em 2009, segundo o relatório. Já Peru e Bolívia apresentaram aumento da área plantada, o primeiro com 38% e o segundo, 116%.
Os dados relativos ao cultivo de drogas são levantados pela entidade em parceria com os governos, feitos por meio de monitoramento via satélite. Já os índices relativos às apreensões são fornecidos pela Polícia Federal de cada país.
O dados sobre o crack estão incluído no estudo, mas não de maneira separada, já que a droga é um subproduto da cocaína.
Usuários de anfetaminas
Segundo o relatório, o número de pessoas que utilizam estimulantes do tipo anfetamina (substância presente em remédios para emagrecimento) deve ultrapassar o número de usuários de ópio (incluindo heroína e morfina) e cocaína no mundo.
O número de usuários de anfetamina atualmente está entre 30 e 40 milhões. O relatório destaca a dificuldade de combater o uso desses medicamentos, uma vez que eles são vendidos sob prescrição médica.
Mesmo com esse aumento, a maconha continua sendo a droga mais popular do mundo. É cultivada em quase todos os países no mundo, e consumida num grupo de 130 a 190 milhões pelo menos uma vez por ano, de acordo com o relatório.
Maconha turbinada
O relatório da UNODC revela ainda o aumento percentual do principal componente ativo da maconha. A média de THC (tetraidrocanabinol) era de 4% ao longo da década de 1980. De 2005 a 2008, a UNDOC viu aumento de 10% desse ativo, mudado geneticamente, tornando os efeitos da droga mais fortes.
Fonte: Folha Online
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