Além dos mortos, estima-se que 22 pessoas tenham ficado feridas no acidente que reacende o debate sobre condições de trabalho na zona rural de Sergipe
A segunda-feira de trabalho terminou de forma triste para quase 30 catadores de laranja do município de Boquim, cidade localizada a 90 km de Aracaju. Por volta das 18h de 31 de maio, o caminhão que transportava os trabalhadores e centenas de quilos de laranjas tombou em uma ponte de madeira e provocou a morte de sete pessoas (cinco homens e duas mulheres).
O acidente aconteceu em uma estrada do povoado Fonte Nova, que liga Estância a Boquim. A ponte, cuja parte do material estava podre, cedeu com o peso do caminhão, levando o veículo a tombar.Estima-se que 22 pessoas tenham ficado feridas. O caminhão só pôde ser retirado com a ajuda de um guincho.
Membros do Samu Estadual, Corpo de Bombeiros, Defesa Civil e Polícia Militar participaram do resgate às vítimas e da reorganização do local do acidente.
Vítimas
O Hospital Amparo de Maria, em Estância, recebeu 11 vítimas, todas com ferimentos leves. O motorista do caminhão fraturou uma perna e teria sido encaminhado ao Hospital de Urgência de Sergipe (Huse), em Aracaju, mesmo lugar para onde foram levadas outras quatro vítimas. De acordo com a assessoria da unidade hospitalar, nenhuma corre risco de morte.
A equipe de reportagem do Portal Infonet conversou com quatro sobreviventes desta tragédia que chocou os moradores da região. Segundo eles, o número de vítimas é ainda maior que a contabilidade dos hospitais, pois alguns catadores que sofreram o acidente foram retirados por passantes e, em carros particulares, foram em busca de socorro.
Segundo o catador Miguel Silva, o desespero tomou conta do grupo quando perceberam que a ponte de madeira não suportaria o veículo. “Era o caminhão caindo e a gente pulando, feito uns desesperados. Era grito e gente pra todo lado. Infelizmente perdemos muitos colegas, mas também precisamos agradecer a Deus, pois nascemos de novo”, conta
Condições de trabalho no campo
O acidente com os catadores de laranja reacende a discussão sobre as condições de trabalho nas quais os trabalhadores rurais de Sergipe estão sujeitos. Questões que vão muito além do transporte seguro. Segundo Emerson Santos, outro sobrevivente da tragédia, a labuta nos laranjais do centro-sul sergipano chegava a durar mais de 12 horas por dia, sem nenhum equipamento de auxílio.
Sem qualquer comprovação de vínculo empregatício, restará às famílias chorar as mortes de seus entes queridos, sem nenhum seguro ou pensão a receber.
Fonte: matéria do Portal Infonet
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