quarta-feira, 18 de abril de 2012

FAXAJU: MAJOR CONTA QUE DURANTE A REBELIÃO, OS INTERNOS ALGEMARAM E MATARAM DOIS CÃES.

O comandante do Batalhão de Choque de Sergipe, major Rolemberg, disse em entrevista à redação do FAXAJU, que 80 homens foram usados para ajudar a conter a rebelião na penitenciaria em Aracaju, que teve inicio na tarde de domingo e só foi encerrada na tarde da segunda-feira (16).

Rolemberg conta que durante a sua carreira policial, não tinha presenciado cena tão forte como a de dois cachorros que foram algemados, mortos e queimados. O major conta ainda que os internos espancaram educadores do sistema e faziam constantes ameaças.

Veja na integra a entrevista com o comandante do Choque, major Carlos Rolembrg.

FAXAJU - Quantos PMS foram empregados na operarão no Presídio?

Major Rolemberg – O Batalhão de Choque utilizou 80 policiais militares para o cumprimento da missão.

F- Em algum momento o senhor sentiu que seria obrigado usar a força?

MR – Em ocorrência de alta complexidade, como a rebelião no COMPAJAF (Complexo Penitenciário Advogado Jacinto Filho), é primordial que a negociação seja levada ao extremo até que seja exaurido todos os recursos, a utilização da força é inegavelmente o último passo a ser efetivado. Porém, a nossa tropa confiava no potencial dos oficiais que estavam à frente do processo de negociação e pelas características empreendidas no teatro de operações, percebi que a utilização do uso da força não seria necessária, apesar de estarmos preparados para a possibilidade de intervenção.

F- Durante as horas em que os homens do Choque estiveram no presídio, foi visto algum preso espancando reféns, como se cogitou?

MR – Os internos mantinham três reféns (educadores do sistema) e mais 128 familiares dentro do Complexo, presenciamos neste ínterim, principalmente os momentos de aflição do agente que foi enrolado em colchões, espancado e a todo o tempo ameaçado pelos internos que estavam com armas impróprias. Mas graças a Deus e a intervenção da Equipe de Negociação este foi o primeiro dos agentes a ser libertado.

F- Se comentou que eles (os presos) haviam matado um cachorro dentro do presídio. Isso de fato aconteceu?

MR – Quando efetivamos a revista em um dos pavilhões, presenciamos que foram dois cães mortos pelos internos, inclusive esta cena nos marcou pelo alto grau de perversidade, pois os mesmos apresentavam marcas de agressão, estavam algemados, além de atearem fogo em um dos cães.

F- O senhor acha que uma rebelião como a que aconteceu, pode voltar a ocorrer em Sergipe?

MR – Esperamos que não, mas infelizmente não está descartada a possibilidade de eventos desta natureza. O que precisamos decisivamente é aprendermos com as lições desta fatídica rebelião e que todos os segmentos envolvidos adotem as providências para minimizarmos esta possibilidade.

F- Foi usado algum tipo de força, na hora da revista e do recebimento das armas que estavam em poder dos rebelados?

MR – Negativamente, todo o processo de intervenção da Tropa de Choque foi pautado pelo uso técnico dos processos que norteiam as Operações desta natureza. Temos por premissa a utilização do uso progressivo da força, efetivamos a contenção dos internos através da tomada da área em que eles estavam reunidos, trouxemos outros internos que estavam espalhados por outras alas do presídio, agindo de forma enérgica, respeitando os direitos e garantias constitucionais inerentes aos internos.

F- O senhor acha que o líder da rebelião, era mesmo um membro do PCC?

MR – É indubitável que uma parte daqueles que lideravam a rebelião tenham ligação com o PCC, parece-me que nem todos os internos que estavam rebelados eram partícipes da mesma facção criminosa.

F - Os homens do Choque são preparados para essas situações. Em Sergipe, o número de PMs em seu batalhão é suficiente para enfrentar problema como o de domingo?

MR – A nossa tropa passa constantemente por treinamentos específicos para as operações nesta seara e com certeza absoluta aproveitaremos o caso in loco para intensificarmos o treinamento voltado para esta situação. Como é de conhecimento da população, o efetivo da Polícia Militar passa por um processo de aposentadoria de muitos policiais e o Batalhão de Choque está inserido neste contexto, mas com muito esforço e principalmente com o espírito que norteia o operador de choque conseguimos o êxito na operação através da somação dos esforços.

F - Poderia dizer quais as ações que estão sendo desenvolvidas pelo Batalhão no sentido de aperfeiçoar o policial?

MR – No campo operacional temos desenvolvido treinamentos quase que diariamente de ações de choque, equipamentos, armamentos não letais, defesa pessoal, dentre outros. Efetivamos dois seminários jurídicos com o intuito de melhorarmos a capacidade de conhecimento do policial militar com o objetivo de cumprirmos melhor o nosso desiderato. Temos enviado na medida do possível policiais militares para realizarem cursos de capacitação dentro e fora do Estado em parceria com outras Instituições de Ensino da Segurança Pública. Enfim, temos feito o máximo possível para a melhoria da atuação do policial militar da Tropa de Choque, todo este esforço tem redundado em resultados significativos alcançados pela unidade nas mais diversas ações empreendidas em prol da segurança da população.

F - Suas considerações finais.

MR – Quero reafirmar que a Glória de toda esta vitória seja dada ao Senhor Deus, tenho certeza absoluta que Ele esteve à frente deste processo tão difícil e extremamente complexo, digo sem medo de errar, talvez o pior evento crítico registrado na história de Sergipe pelas nuances da crise, muito bem divulgada pela impressa. No segundo momento quero parabenizar a todos os profissionais que estiveram contribuindo com o processo, desde as autoridades que tinham o poder decisório até aqueles que mesmo anonimamente ajudaram no sucesso do evento, tais como: funcionários do SAMU, Bombeiros, Agentes da Reviver, Desipe, dentre outros. Quero especialmente fazer menção a todos os integrantes da PMSE através das unidades presentes, em especial aos policias do Batalhão de Choque que com muito orgulho comando tão honrosa unidade. Muitos destes policiais fizeram questão de participar da ocorrência do início ao final, muitos de férias, outros de folga e uma parte do efetivo dobrando o serviço, trabalhando ininterruptamente por aproximadamente 42 horas com pouco tempo de repouso, mas que não recuaram ao cumprimento do dever, demonstrando que é desta forma venceremos os obstáculos da árdua missão.

Fonte:  Faxaju (Munir Darrage)

Vejam fotos exclusivas da atuação do Batalhão de Choque durante a rebelião (fotos BPChq):















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