Durante a sessão especial desta segunda-feira, 18/10, que teve como tema "O médico e o SUS" , os vereadores da Câmara Municipal de Aracaju (CMA) debateram sobre as condições de trabalho dos profissionais da saúde e os problemas do Sistema Único de Saúde. A propositura foi de autoria do vereador Dr. Émerson Ferreira (PT) por perceber a necessidade de avaliar a problemática.
Na opinião do parlamentar petista, o SUS constitui uma das maiores conquistas do país, porém a prestação do serviço a população precisa melhorar. "Uma das maiores dificuldades é a desvinculação da politica partidária. A saúde pública não pode e não deve estar voltada para o interesse da política. É necessário fazer um modelo assistencial onde o cidadão é quem tem visibilidade, política de saúde efetiva e resolutiva", cobrou o vereador Dr. Emerson ao ressaltar que também é preciso melhorar a relação entre profissionais da saúde e gestores municipais, no intuito de que exista a participação de ambos.
O vereador Elber Batalha Filho (PSB) reconhece a existência de diversos aspectos a serem melhorados e acredita que a queda na qualidade da saúde é um fator que atinge todo mundo. Para reforçar seu argumento, ele citou uma matéria veiculada no jornal francês Le Monde onde através de dados mostra que até em países desenvolvidos a questão da saúde deve ser revista.
"Nessa mesma matéria o sistema de saúde brasileiro é elogiado pela visibilidade que dá ao cidadão", comentou. Ele destacou ainda o desafio que a pediatria tem em superar a falta de profissionais dessa especialidade."Precisamos saber as causas que desmotivam o médico a querer trabalhar nesta área, pois o que percebemos é a carência desses profissionais e, por conta disso, maternidades estão sendo fechadas", indagou.
Ainda sobre os aspectos que carecem de investimentos na saúde, o vereador Dr. Gonzaga (PMDB) falou que apesar de a situação ter mudado de maneira positiva, "existem outros aspectos a serem melhorados, a exemplo da valorização do profissional da saúde e a infraestrutura do sistema".
Prejuízos
Quanto ao atual modelo, o parlamentar do PSC, Jailton Santana, afirmou que os médicos e os pacientes estão sendo prejudicados. O vereador explicou que os médicos sofrem com as limitações e desvalorização da categoria, já os pacientes sofrem por ter que esperar meses por uma consulta ou algum procedimento médico.
"Espero que o prefeito olhe com mais carinho para os cidadãos que necessitam dos serviços prestados por este setor, bem como os que trabalham por este", cobrou Jailton, citando ainda o caso dos médicos do Hospital Cirurgia que por conta da falta do repasse de verba ainda não receberam o pagamento.
Para Magal da Pastoral, vereador do PT, um dos problemas mais visiveis é o fato de a demanda de pacientes ser maior que o da oferta. "Isso é muito sério e os governos têm dificuldade, pois parece que quanto mais investe na área, maior a procura. Então sugiro que a categoria e os representantes se juntem e tentem o diálogo para procurarem as soluções", solicitou.
Comungando de um mesmo olhar sobre a questão, os vereadores Moritos Matos (PDT) e Nitinho (DEM) entendem que o SUS tem piorado ao longo dos anos e que vários aspectos referentes a valorização e remuneração dos profissionais devem ser repensados, além do aumento do quadro e funcionários e das melhorias estruturais nos hospitais. "Temos que avaliar como a verba está sendo aplicada e acabar de uma vez por todas com essa prática de utilizar a saúde pública como um trampolim para se beneficiar. Temos que trabalhar pela melhoria e benefício da coletividade", disse Nitinho.
Em soma aos demais parlamentares, o presidente da Câmara, Emmanuel Nascimento (PT), fez uma avaliação sobre o que já foi cumprido, porém mesmo com as melhorias as reclamações e problemas permanecem. "Lembro que cobravam a construção de um Hospital na Zona Norte e outro na Zona Sul. Isso foi feito, mas as críticas e cobranças ainda são as mesmas. As pessoas que frequentam estes hospitais se queixam da demora no atendimento e dizem que as filas são longas", exemplificou. Ao final o presidente reforçou que as mudanças na área da saúde pública só ocorrerão quando cada um fizer a sua parte: "médicos cobrem e apontem os defeitos e representantes apliquem as verbas para solucionar ou amenizar as problemáticas", acrescentou.
Na ocasião, o vereador Fábio Mitidieri (PDT) lamentou a ausência do secretário municipal de saúde, Antônio Samarone, e disse que ele deveria ter enviado um representante por entender que o debate é válido e o gestor precisa estar ciente das cobranças.
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