Mais de 29 mil trotes mensais entre as chamadas destinadas ao Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Sergipe (CBMSE). O número assustador chega a 93,85% do total de ligações destinadas aos bombeiros. Uma situação que preocupa a corporação, pois durante o tempo que é perdido até que se descubra que é um trote, uma ocorrência verdadeira pode acontecer e ter seu atendimento retardado, colocando em risco a vida de pessoas.
Os números são fruto de um levantamento feito pelo Corpo de Bombeiros que mostrou que do início deste ano até o dia 23 de março o Centro Integrado de Operações de Segurança Pública (Ciosp) recebeu 95.558 chamadas destinadas a Corporação, deste total 89.680 eram ligações efetuadas por pessoas desocupadas. Os números apontam um total mensal de mais de 29 mil trotes, quase mil por dia e 40 por hora.
“Ao ocupar uma linha de emergência com um trote, o cidadão deixa de estar livre para uma ocorrência real. Para evitar o trote, a linha passa por dois filtros, que é o atendente e depois o despachante do Corpo de Bombeiros. A grande maioria dos trotes é evidente e não passa dos atendentes, mas alguns são bem simulados e chegam a passar mesmo pelos despachantes mais experientes”, conta o gestor do Centro de Estatísticas do CBMSE, tenente Silvio Leonardo Vieira Prado.
O oficial alerta que além de poder atrasar o atendimento a uma ocorrência real, há os riscos de acidentes com as viaturas de emergência que buscam diminuir ao máximo o tempo resposta à ocorrência, em especial quando há vidas em risco; há o desgaste emocional das equipes que são deslocadas nessas situações emergenciais; além do gasto de combustível e desgaste da viatura, que tem sua vida útil reduzida.
Ainda segundo Silvio, após o horário de meio-dia que começa a aumentar o fluxo de trotes. “São as crianças que mais ligam passando trotes e é justamente nesse horário que elas estão saindo do colégio que cresce o número de ligações. Como hoje nós contamos com 16 atendentes por turno, tem muito mais gente para atender as chamadas e infelizmente os trotes também. Mesmo a informação de que o número é identificado e que o trote é crime não intimida”, afirma.
“Outra dificuldade enfrentada é que algumas pessoas dão uma dimensão maior à ocorrência, visando receber mais rápido o atendimento. Algumas vezes é uma lixeira que está pegando fogo e a fumaça incomodando, mas a pessoa diz que é um incêndio em residência, por exemplo. Com esse tipo de procedimento, o solicitante pode estar impedindo o atendimento mais breve a uma ocorrência com maior gravidade”, aponta. “Nós orientamos as pessoas que buscam atendimento para que respondam às perguntas dos atendentes da forma mais objetiva e correta possível. Só assim nós podemos enviar os recursos mais adequados àquela ocorrência, o mais breve possível”, concluiu o oficial.
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