segunda-feira, 31 de agosto de 2009

MORTE DE IDOSA GERA POLÊMICA NO HOSPITAL DE URGÊNCIA DE SERGIPE.

Enquanto familiares afirmam que médicos adotaram procedimentos inadequados no tratamento da paciente, Huse acusa a família de negligência no cuidado com a idosa
Na noite de domingo, 30, faleceu no Hospital de Urgência de Sergipe (Huse) a senhora Maria Elze Alves, 72 anos, internada desde o dia 20 de agosto. Segundo familiares, a idosa foi levada ao hospital para limpar feridas em uma das pernas e no pé, e que deveria ter sido logo liberada por se tratar de um procedimento simples e habitual.Já o hospital afirma que a paciente chegou bastante debilitada, com anemia profunda, com o corpo coberto de feridas, algumas já necrosadas. A família acusa a equipe hospitalar de uma sucessão de erros médicos, enquanto o Huse diz que os parentes foram irresponsáveis no cuidado com a idosa.

As feridas no corpo de Maria Elze, conhecidas como escaras, eram provenientes da falta de oxigenação e nutrição da pele, uma vez que a idosa não caminhava e passava a maior parte do tempo deitada numa cama. “As escaras apareciam freqüentemente, e dessa vez a médica do posto de saúde Anália Pena (conjunto Almirante Tamandaré), que fazia o acompanhamento da minha sogra, pediu que a levássemos ao Huse para que os ferimentos fossem limpos. Chegando lá, os médicos disseram que ela teria que ficar internada. Levamos dona Elze sadia, lúcida e feliz, e ela saiu de lá num caixão”, relata a nora, Rosineide Rodrigues dos Santos.

Ainda segundo a nora, os médicos não davam explicações sobre o estado de saúde de Maria Elze, o que deixava a família consternada. “Toda hora eles levavam dona Elze pro centro cirúrgico, e voltavam com ela. Foram várias vezes, mas não realizaram a intervenção cirúrgica que ela precisava”, disse Rosineide. O procedimento ao qual ela se refere é o desbridamento, que consiste na retirada, por meio de uma pequena cirurgia, das áreas necrosadas.

De acordo com familiares, a idosa não tinha qualquer problema de saúde. “Os médicos disseram que uma das causas da morte foi diabetes, mas ela fez exames recentemente que não constataram nenhum tipo de problema. Ela morreu por falta de atenção da equipe”, afirmou a nora. “Eles furaram o pescoço da minha avó para botar um cateter, e depois desse dia ela parou de falar e só piorou de estado”, completou a neta, Gláucia Rodrigues dos Santos.

“Família foi negligente”

No Huse, a versão sustentada para a morte da idosa é diferente do que conta a família. Segundo a Dra. Paula Torreão, coordenadora geral da unidade de internamento do Huse, a morte de Maria Elze foi decorrente da falta de cuidados dos familiares. “Conheço pacientes que estão há 15 anos numa cama, mas que nunca chegaram perto do estado em que encontramos dona Maria Elze”, disse.

Segundo a médica, pacientes que não conseguem se locomover e passam boa parte do tempo deitados na cama, têm que ter um cuidado especial da família. “Essa pessoa precisa ser mudada de lugar o tempo todo, dentre outros cuidados. Pelo estado deplorável em que Maria Elze chegou ao Huse, só podemos entender que a família foi muito negligente nos cuidados com a idosa”, declarou Paula Torreão. Ainda segundo ela, exames laboratoriais confirmaram que a idosa sofria de diabetes.

A médica afirma, ainda, que a punção na veia do pescoço da paciente é um procedimento normal, adotado com freqüência pelas equipes, “ao menos umas 10 vezes por dia”. Quanto à não realização do desbridamento, que livraria a idosa das feridas necrosadas, Dra. Paula Torreão disse que a paciente poderia não resistir à anestesia para a realização do procedimento. “Ela estava com anemia profunda e muito debilitada, e esse quadro pode ser confirmado por todos os médicos e enfermeiros que a atenderam”, disse.

Ainda segundo a coordenadora, a causa oficial da morte de Maria Elze foi um edema agudo, em decorrência de infecções, anemia e desnutrição.

Encaminhamento

O Portal Infonet teve acesso ao documento da unidade de saúde Anália Pina, que encaminhava a paciente ao Hospital de Urgência com um quadro generalizado de escara e sem responder ao tratamento. Essa guia está com data em 17 de agosto, mas a senhora só deu entrada no Huse três dias depois.
Fonte: Infonet

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