Não houve trégua no recesso. Situação do presidente do Senado piorou após imposição de censura ao Jornal Estado
Na volta do recesso parlamentar, a partir de hoje, senadores vão pressionar para que o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), deixe o cargo até quarta-feira pela manhã, antes da reunião do Conselho de Ética que analisará onze ações contra o parlamentar. Caso Sarney resista, entrará em cena um movimento de boicote nas sessões presididas por ele.
Amigo de Sarney, ex-ministro no seu governo e companheiro de Academia Brasileira de Letras (ABL), o senador Marco Maciel (DEM-PE) será um dos integrantes do grupo escalado para convencer o presidente do Senado a abrir mão do cargo. Maciel terá a missão de explicar a Sarney o risco de constrangimento que sofrerá em plenário se insistir em permanecer no comando do Senado.
Procurado ontem pelo Estado, Maciel confirmou as conversas com seus colegas, mas evitou qualquer previsão. Na avaliação dele, o dia decisivo para a crise será amanhã, quando a maioria dos parlamentares estará presente em Brasília.
"Conversei com alguns senadores, mas tudo informalmente", contou. "Não falei com o presidente Sarney. Nada se materializou ainda. Não tenho nada a declarar, é preciso sentir o clima até terça-feira."
Senadores contrários a Sarney articulam um boicote nas sessões em plenário caso ele fique na presidência e o Conselho de Ética arquive as cinco representações e seis denúncias protocoladas - referentes a nepotismo, envolvimento em atos secretos e desvio de recursos da Petrobrás pela Fundação José Sarney.
"Não terá como fazer votação. O presidente Sarney vai perceber isso", disse Cristovam Buarque (PDT-DF). "Não é golpe. É um direito nosso de não ir às sessões. Um desconhecimento à autoridade do senador. Ele não tem mais condições de continuar."
Sarney retornou ontem a Brasília, depois de passar mais de uma semana em São Paulo, onde sua mulher, dona Marly, fez uma cirurgia após uma fratura no ombro. Ele pretende comandar hoje a primeira sessão de retorno aos trabalhos, mas deve retornar a São Paulo até amanhã para acompanhar sua mulher, que permanece em repouso na capital paulista.
MISTÉRIO
Membro do PMDB, o presidente do Conselho de Ética, Paulo Duque (RJ), manteve mistério sobre o futuro das representações. "Eu posso monocraticamente arquivá-las, mas não decidi o que vou fazer. Vai depender das circunstâncias", afirmou.
O senador Pedro Simon (PMDB-RS), um dos parlamentares que pedem a intermediação de Maciel para negociar a saída de Sarney, fez ontem um apelo para que ele renuncie. Ele também confirmou a possibilidade de esvaziamento do plenário, na presença de Sarney como presidente das sessões. "O plenário vai se tornar inabitável", previu.
Colega de partido e ex-presidente do Senado, Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN) reforçou o coro pela saída de Sarney até quarta-feira. "Se o Conselho de Ética arquivar tudo e o senador continuar no cargo, as coisas serão radicalizadas e o Legislativo sofrerá um processo de paralisia, que levará a um confronto em plenário", disse. "A saída seria uma iniciativa razoável para evitar esse quadro."
A esperada trégua na crise durante o recesso parlamentar ficou só na expectativa. A revelação, feita pelo Estado, de diálogos que mostram Sarney e seu filho Fernando negociando a nomeação do namorado da neta do senador para uma vaga no Senado - por meio de ato secreto - só agravou a situação do peemedebista. As conversas foram gravadas pela Polícia Federal com autorização judicial e fazem parte da Operação Boi Barrica, que investiga Fernando Sarney.
Na sexta-feira, o desembargador Dácio Vieira, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal, atendeu a um pedido de Fernando e pôs o Estado sob censura, proibindo o jornal de publicar os diálogos gravados pela PF.
A iniciativa do clã Sarney de tentar censurar a imprensa só agravou a situação política do senador entre os colegas, que aumentaram a pressão para que renuncie.
Fonte: O Estadão
Na volta do recesso parlamentar, a partir de hoje, senadores vão pressionar para que o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), deixe o cargo até quarta-feira pela manhã, antes da reunião do Conselho de Ética que analisará onze ações contra o parlamentar. Caso Sarney resista, entrará em cena um movimento de boicote nas sessões presididas por ele.
Amigo de Sarney, ex-ministro no seu governo e companheiro de Academia Brasileira de Letras (ABL), o senador Marco Maciel (DEM-PE) será um dos integrantes do grupo escalado para convencer o presidente do Senado a abrir mão do cargo. Maciel terá a missão de explicar a Sarney o risco de constrangimento que sofrerá em plenário se insistir em permanecer no comando do Senado.
Procurado ontem pelo Estado, Maciel confirmou as conversas com seus colegas, mas evitou qualquer previsão. Na avaliação dele, o dia decisivo para a crise será amanhã, quando a maioria dos parlamentares estará presente em Brasília.
"Conversei com alguns senadores, mas tudo informalmente", contou. "Não falei com o presidente Sarney. Nada se materializou ainda. Não tenho nada a declarar, é preciso sentir o clima até terça-feira."
Senadores contrários a Sarney articulam um boicote nas sessões em plenário caso ele fique na presidência e o Conselho de Ética arquive as cinco representações e seis denúncias protocoladas - referentes a nepotismo, envolvimento em atos secretos e desvio de recursos da Petrobrás pela Fundação José Sarney.
"Não terá como fazer votação. O presidente Sarney vai perceber isso", disse Cristovam Buarque (PDT-DF). "Não é golpe. É um direito nosso de não ir às sessões. Um desconhecimento à autoridade do senador. Ele não tem mais condições de continuar."
Sarney retornou ontem a Brasília, depois de passar mais de uma semana em São Paulo, onde sua mulher, dona Marly, fez uma cirurgia após uma fratura no ombro. Ele pretende comandar hoje a primeira sessão de retorno aos trabalhos, mas deve retornar a São Paulo até amanhã para acompanhar sua mulher, que permanece em repouso na capital paulista.
MISTÉRIO
Membro do PMDB, o presidente do Conselho de Ética, Paulo Duque (RJ), manteve mistério sobre o futuro das representações. "Eu posso monocraticamente arquivá-las, mas não decidi o que vou fazer. Vai depender das circunstâncias", afirmou.
O senador Pedro Simon (PMDB-RS), um dos parlamentares que pedem a intermediação de Maciel para negociar a saída de Sarney, fez ontem um apelo para que ele renuncie. Ele também confirmou a possibilidade de esvaziamento do plenário, na presença de Sarney como presidente das sessões. "O plenário vai se tornar inabitável", previu.
Colega de partido e ex-presidente do Senado, Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN) reforçou o coro pela saída de Sarney até quarta-feira. "Se o Conselho de Ética arquivar tudo e o senador continuar no cargo, as coisas serão radicalizadas e o Legislativo sofrerá um processo de paralisia, que levará a um confronto em plenário", disse. "A saída seria uma iniciativa razoável para evitar esse quadro."
A esperada trégua na crise durante o recesso parlamentar ficou só na expectativa. A revelação, feita pelo Estado, de diálogos que mostram Sarney e seu filho Fernando negociando a nomeação do namorado da neta do senador para uma vaga no Senado - por meio de ato secreto - só agravou a situação do peemedebista. As conversas foram gravadas pela Polícia Federal com autorização judicial e fazem parte da Operação Boi Barrica, que investiga Fernando Sarney.
Na sexta-feira, o desembargador Dácio Vieira, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal, atendeu a um pedido de Fernando e pôs o Estado sob censura, proibindo o jornal de publicar os diálogos gravados pela PF.
A iniciativa do clã Sarney de tentar censurar a imprensa só agravou a situação política do senador entre os colegas, que aumentaram a pressão para que renuncie.
Fonte: O Estadão
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