As declarações feitas pelo senador Valadares responsabilizando deputados de oposição na Assembleia Legislativa pelos problemas de saúde enfrentados pelo governador, especialmente ela e o colega Adelson Barreto, levaram a parlamentar a fazer um duro e emocionado discurso nesta quarta-feira. A deputada repudiou as críticas e disse que nem se sentia ‘traidora’ e nem atingida pelas palavras do senador. “Tenho recebido a solidariedade dos meus pares e de inúmeras pessoas que repudiam as tentativas de denegrir a minha imagem”.
Maria Mendonça disse que cada palavra e cada gesto refletem ‘o que pensamos e o que somos’. Segundo ela, a postura de cada um indica o que a pessoa é e isso a agradava. “Tenho uma vida política pautada na honradez, nos valores éticos, morais, aprendidos na minha família. Venho falar das declarações infelizes do senador Valadares (pronunciadas num encontro do PSB). Tenho história. Minha família tem história e pode ser narrada em qualquer lugar”, comentou.
De acordo com a deputada, o senador Valadares cresceu politicamente dentro da sua residência, da casa do seu pai, o líder político Chico de Miguel, uma liderança que segundo ela colaborou para a carreira do senador, emprestando-lhe apoio. “(Ele) Frequentou nossa residência e passou a conquistar um espaço político cada vez maior. Foi vice-governador em indicação que partiu de dentro da minha casa. Hoje peço desculpas ao eleitorado por tê-lo indicado. Ás vezes me surpreendo com julgamentos ofensivos e infundados, por postura que não foi por mim adotada”, disse.
Maria se referia ao episódio da eleição da mesa Diretora, onde afirma ter sido exposta de forma depreciativa e caluniosa por votar com o grupo que reelegeu a deputada estadual Angélica Guimarães para o comando da Assembleia. A deputada disse que cumpriu seu papel ao comunicar seu voto a Valadares. “Ele perguntou se havia falado com o governador sobre minha posição e valorizei sua posição de líder. Naquele momento exerci o legitimo direito de reconduzir a deputada, e passei a ser chamada de traidora”, lamentou.
“A pecha de traidora não me cabe, pois sei honrar os votos que me trouxeram a esta Casa e em respeito ao povo, que sabe do meu compromisso e da minha responsabilidade, parece que ter atitudes próprias incomoda”, comentou. A deputada disse que as mulheres têm sabedoria, determinação, independência, liberdade e sabem preservar seus compromissos. Maria declarou que também no episódio da eleição do Tribunal de Contas aumentaram as queixas e também foi tratada como ‘traidora’.
A deputada disse que não aceita que distorçam informações e propaguem inverdades sobre sua conduta política. “A fala do senador imputa a mim e ao deputado Adelson o agravamento da doença do governador. É um devaneio. Ainda permaneço no PSB e ele disse que seu desejo é me ver fora do partido. Deveria ter postura ética e democrática. Tenho sido avaliada pelo povo e reconduzida a esta Casa”, afirmou, lembrando que o senador não estava lúcido quando se referiu aos problemas de saúde do governador.
“Fiquei chocada. As declarações foram ditas para manipular a população de forma maledicente. Sugerir minha saída sem conversa previa não reflete uma postura democrática, aponta para o autoritarismo. Tenho quatro mandatos nesta Casa e fui prefeita de Itabaiana, e nestes quatro mandatos mostrei minha capacidade. Antes de ingressar no SPB, recebi vários convites de siglas partidárias. Ingressei em 2007 (no PSB) e levei todo meu agrupamento político e em contrapartida o PSB nada fez pela minha eleição”, destacou a deputada, argumentando que o senador sempre tomou decisões sem ouvir sua base, sem respeitar o tamanho e a importância de Itabaiana.
A parlamentar prosseguiu seu discurso, emocionada, afirmando que nunca utilizou do partido para galgar seus mandatos e nunca abriu mão dos seus princípios. “Por isso não me incomodam as tentativas de me destratar. Sou filha de Chico de Miguel, uma itabaianense legítima e não tenho medo. E em respeito a sua memória e a tudo que aprendi não me dobro a nenhum tipo de pressão. A saúde do governador jamais deveria ter sido usada desta forma”, criticou.
O líder da oposição, Venâncio Fonseca, disse que assinava embaixo nas palavras ditas pela colega. “Sou testemunha de toda sua trajetória. Fui colega de Chico de Miguel, seu pai, com quem tive excelente convivência. Isso incomoda a muitos donos de partido que acham que podem ser donos da consciência de uma mulher como Maria Mendonça. Tem lealdade com o seu partido, mas jamais é subalterna, subserviente. Toda a oposição foi agredida de forma rasteira ao ser responsabilizada pelos problemas da saúde do governador, isso é inconcebível”, disse. A deputada recebeu apartes e a solidariedade da maioria dos colegas presentes à sessão.
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