sexta-feira, 5 de novembro de 2010

MULHERES TRABALHADORAS REALIZAM MARCHA DE COMBATE À VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER.

Munidas de lenços e fitas lilases, mulheres trabalhadoras do campo e da cidade estiveram reunidas para a Marcha de Combate à Violência contra Mulher, realizada no município de Neópolis na manhã de ontem, quinta-feira, 04 de novembro. A atividade foi organizada pela Marcha Mundial das Mulheres do Estado de Sergipe, que agregam os movimentos feministas, rural e urbano do Estado, e contou com o apoio e a participação da Central Única dos Trabalhadores de Sergipe.

De acordo com a secretária da Mulher Trabalhadora da CUT/SE, Maria da Conceição Torres Branco, a Marcha teve o objetivo de reivindicar os direitos das mulheres quanto à saúde, educação e principalmente segurança, além de cobrar medidas de prevenção do Estado. “Essa atividade é para nós, mulheres, extremamente necessária e importante, porque essa é uma oportunidade das mulheres darem visibilidade para as suas realidades, falarem o que acontece, como elas são tratadas e como elas se sentam em meio a todo esse sistema opressivo, machista e discriminador”, avaliou Conceição.

Durante toda a Marcha, muitas mulheres salientaram a importância da atividade ter sido realizada no município de Neópolis, importante pólo agregador de mulheres de toda e Região do Baixo São Francisco. Para a coordenadora do Centro Feminista 08 de Março, Maria Inês dos Santos Souza, a violência atinge igualmente mulheres no campo e na cidade, mas as moradoras da área rural enfrentam mais dificuldades para serem atendidas porque as delegacias são poucas e distantes.

“Através do trabalho de formação que o Centro Feminista realiza com as mulheres trabalhadoras rurais, nós pudemos constatar que nas cidades e povoados pequenos, a mulher não tem lugar onde possa ser acolhida, tanto do ponto de vista da violência sofrida quanto do ponto de vista jurídico, para encaminhar a denúncia. Outro desafio é dimensionar quantas mulheres sofrem ou já sofreram violência, uma vez que poucos casos chegam a ser registrados. Segundo a ONU - Organização das Nações Unidas – a estimativa é que cerca de 5 mil mulheres morrem por ano, vítimas de violência doméstica, mas nós sabemos que casos de agressão e violência sem morte são muito maiores”, denunciou Maria Inês.

Descaso no Combate à Violência sexual contra Crianças e Adolescentes

O Conselho Tutelar de Neópolis aproveitou a oportunidade da Marcha realizada ontem para denunciar o descaso e as dificuldades que a instituição vem enfrentando, frente ao poder público do município. De acordo com a Conselheira Maria de Lurdes, a situação do município é séria.

“Em quatro meses de atuação, o Conselho Tutelar registra mais de dois casos por semana. Isso sem levar em consideração os vários casos que não são denunciados. A nossa maior dificuldade é a falta de sede própria para o acolhimento dessas crianças e adolescentes. Há também a falta de assistentes sociais e psicólogas para auxiliar o nosso trabalho. Essas grandes dificuldades poderiam ser facilmente resolvidas se nós tivéssemos um fundo de apoio específico. O projeto para que o município destine o fundo de apoio para o Conselho Tutelar está esperando a aprovação do prefeito a 06 meses. Enquanto isso, essa situação terrível permanece, e muitas crianças e adolescentes continuam sofrendo violência sexual diariamente” declarou a Conselheira.

Marcha Nacional de Combate à Violência contra Mulher

A manifestação realizada no município de Neópolis teve, também, o objetivo de mobilizar as mulheres trabalhadores da cidade e do campo para a Marcha Nacional de Combate à Violência contra Mulher, que será realizada em Aracaju, no dia 25 de novembro, Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra a Mulher.

Segundo Roseane, integrante do Movimento de Mulheres Camponesas (MMC), Movimento de Mulheres Trabalhadores Rurais (MMTR), até o dia 25 de novembro as mulheres trabalhadores da região do Baixo São Francisco estarão em intensa mobilização para a Marcha Nacional. “Nosso trabalho será diário. E apesar da pouca participação das mulheres na Marcha desta quinta-feira, para o número que poderia ser, nós temos que ser compreensíveis, pois sabemos das dificuldades geradas por conta do feriado da última terça-feira, como também o medo das mulheres de se comprometer com a luta, e se expor, e depois sofrer retaliações dos companheiros e da própria sociedade”, afirmou Roseane.

Fonte: CUT/SE

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