terça-feira, 16 de novembro de 2010

DÉDA, O COMANDANTE DA PM.

Logo depois das eleições o governador Marcelo Déda fez um discurso reconhecendo a pouca eficiência da saúde em Sergipe, e chamou para si a responsabilidade de gerir a Secretaria de Saúde. "No novo mandato, este modelo precisa começar a funcionar bem. Sergipe terá dois secretários de Saúde: o que irei nomear e o governador", disse Déda no dia 3 de outubro logo após o resultado das urnas.

Diante das constantes denúncias que a Polícia Militar de Sergipe vem sofrendo e do sentimento do policial militar da base - aquele que pega o revólver e o cacete e vai defender a população -, o governador Marcelo Déda bem que deveria chamar para si o Comando da Polícia Militar. Um comandante militar, o fardado que deve servir à tropa como um todo e o comandante maior, o civil mas não à paisana: o governador do Estado eleito legitimamente pelo povo. Aliás, de fato ele é 'o comandante maior' em todas as áreas do Estado.

A análise fria feita por Déda, no calor do resultado da eleição, foi a de que a Secretaria de Saúde não pode ser usada por políticos para suas politicagens. E ele está mais do que certo - embora atrasado, porque deixou que Rogério Carvalho fizesse exatamente o que está a combater. Mas é exatamente isto que também vem ocorrendo dentro da Polícia Militar. Uma política e um 'descomando' que vem refletindo no sentimento dos inúmeros bons policiais militares de Sergipe. Há um sentimento de que tudo ali não tem mais jeito.

Mas o bom policial que vê as constantes denúncias, como a farra com os camarões, intervenções cirúrgicas estranhas, descaso com as militares femininas, perseguições a representantes de classe, unidades da PM sem previsão legal (leia nesta edição) e ainda se propõe a arduamente dar de cara com o bandido em prol da população, viu a luz no fim do túnel quando Déda falou da Saúde. A tropa arrepiou a pele. Este bom policial pensou que a politicagem pode ser expurgada também da PM sim!

Com o governador do Estado no Comando da PM, as transferências sem explicações acabariam, as indicações de prefeitos e vereadores do interior do Estado para os cargos de comandantes de Batalhão não seriam feitas e a colocação de determinados oficiais para cargos estratégicos se materializaria de maneira técnica e não ao bel prazer do Comando Geral.

Tudo isso que foi elencado é exatamente o que acontece na PM de Sergipe. E é bem pior no interior do Estado, onde a instituição é comandada pelos políticos da região. Não adianta nem o policial trabalhar, porque se for de encontro às vontades dos politiqueiros o comandante daquela região manda descumprir o ato, por mais correto que ele tenha sido. Um completo absurdo que é vivenciado todos os dias em Sergipe. E isso acontece até no âmbito da Secretaria de Segurança Pública quando um delegado não trabalha em comum acordo com o político da região. Deixar, governador, que a banda toque assim é remeter a segurança aos caprichos dos coronéis sem patente dos anos 30 do século passado. É apequenar.

Por causa disto tudo, o governador Marcelo Déda precisa convocar um novo Comando alinhado com a tropa, com a modernidade, e mesmo assim ser também o 'comandante' da PM. Porque o bom policial - maioria dentro da PM - não aguenta mais ver a Segurança Pública ser usada para interesses pouco lícitos de pessoas estranhas e políticos.

Fonte: Cinform

Nota: Parabenizamos o Jornal Cinform pelo excelente editorial.

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